Carlos Jardim desiste de concorrer à liderança do PS-Madeira

“Decidi, não sem custo, reconheço, retirar a minha candidatura à presidência do PS-M e, como sempre no passado, colocar a minha disponibilidade e o meu trabalho ao serviço do Partido com que me identifico e em que acredito”.

É assim que termina uma “carta aberta” escrita por Carlos Jardim aos Militantes do PS-Madeira.

As as eleições para a escolha do novo presidente do partido são a 25 deste mês de julho e o XIX Congresso Regional a 19 e 20 de setembro.

Eis a carta na íntegra:

“Caras e caros camaradas

Ainda há poucos dias, – e na sequência de uma reflexão séria que me impus, aproveitei uma entrevista a um jornal da Região para tornar pública, de forma inequívoca, a minha disponibilidade, vontade, determinação e confiança em encetar uma caminhada que, apoiada na vontade dos militantes do PS-M me conduzisse à sua presidência e me permitisse, enfim, num trabalho partilhado e solidário, concretizar as ideias com que, acredito sinceramente, seria possível colocar o meu Partido, o nosso Partido, no papel de motor de uma enérgica vontade de modernização, de desenvolvimento, de progresso, no quadro de uma orgulhosa e desempoeirada democracia adulta, assumida, livremente vivida e comprometida com o futuro das, e dos, madeirenses e portossantenses.

Entretanto, e enquanto se vão fazendo alguns esforços para tentar encarar como normal uma situação que está longe de o ser, por força da persistente e perigosa pandemia a que o mundo vai tentando resistir, o PS-M reuniu os seus órgãos e definiu as datas em que os militantes vão ser chamados a escolher os seus dirigentes para os próximos dois anos, designadamente a pessoa que presidirá aos seus destinos e sobre quem, naturalmente, recairá o grosso da responsabilidade política por tudo o que dessa acção resultar.

Habituado a encarar com seriedade e circunspecção as decisões da minha vida pessoal, profissional e política que postulam essas exigências, e apesar de, como referi, ter tomado já uma decisão política face ao que então senti como sendo um apelo irrecusável, fui acompanhando o evoluir do processo e, sobretudo, reflectindo em torno das condições objectivas, – as reais e as desejáveis -, em que tudo irá decorrer e, de qual o comportamento a que me devo obrigar que corresponda a uma exigência cívica sem mácula, tendo como norte o interesse superior da minha terra e de todas e todos os que nela trabalham, estudam, acreditam e “apostam” para a vida.

Entendi assim que:

  • sendo que o debate político não pode ser substituído, ainda que ocasionalmente, pela mera contagem de votos, recaiam eles em quem recaírem;
  • – nas actuais circunstâncias, em que, de uma maneira geral os interesses, as preocupações, as motivações e os factores de mobilização divergem clara e compreensivelmente de tudo, e muito é, o que deveria estar no centro do debate interno no seio do PS-M;
  • – o envolvimento dos militantes, num processo com estas características, é absolutamente decisivo na garantia da verdade final;
  • – o ambiente geral aconselha comedimento e sentido das prioridades e responsabilidades;
  • – tenho a suprema ambição de lutar, sempre, “pelo melhor” e não pelo “menos mau”;
  • – o tempo me dará a possibilidade de, junto dos membros do PS-M, fazer prova de tudo aquilo que, com seriedade, me motiva na política e na vida;
  • – a minha militância, de há já bastantes anos, me obriga a uma atitude compatível com o que isso significa de compromisso e cumplicidade com o colectivo;
  • – enfim, a democracia e a liberdade continuarão a ser um património comum, garantindo a todas e a todos o espaço de participação e intervenção inevitavelmente enriquecedores do nosso viver plural,

decidi, não sem custo, reconheço, retirar a minha candidatura à presidência do PS-M e, como sempre no passado, colocar a minha disponibilidade e o meu trabalho ao serviço do Partido com que me identifico e em que acredito.

Cordiais saudações socialistas,

Carlos Jardim”