José Prada, o advogado homenageado pela Região que nunca foi advogado da Região

Fotos Emanuel Silva

José Ferreira Prada dispensa apresentações. É o decano dos advogados madeirenses. Quem passa pela ponte do Bazar do Povo, no Funchal, dá de caras com a placa “José Prada -Advogados”.

Amanhã, quarta-feira, dia 1 de julho, irá receber a Insígnia Autonómica de Valor-Cordão.

José Prada, casado, nasceu em Argoselo, concelho de Vimioso, distrito de Bragança, a 20 de julho de 1936.

Aos 83 anos (vai fazer 84 em breve), José Prada recebeu-nos no seu escritório com um espírito jovial.

Grato pela homenagem que lhe presta a Região, clarifica logo à cabeça que nunca foi advogado da Região nem de nenhuma Câmara Municipal.

“Nunca fui advogado do Governo Regional nem de qualquer Câmara da Madeira, nem de qualquer entidade pública da Madeira”, disse. Pelo que a homenagem tem, ainda, mais valor.

Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra, em 1964. Está inscrito na Ordem dos Advogados desde 1967.
Foi na Madeira, terra que escolheu para viver e para abraçar a sua profissão, que exerceu até hoje a advocacia.

Nunca deixou de ir ao escritório e, à barra do tribunal, foi pela última vez há cerca de seis meses atrás.

Como advogado já teve vários reconhecimentos públicos, nomeadamente, a medalha de honra da Ordem dos Advogados Portugueses que lhe foi atribuída em maio de 2010. Sete anos depois, em 2017, recebeu a medalha de 50 anos de inscrição na Ordem.

Reconhecido pelos seus pares, José Prada tem a fama (e o proveito) de ser frontal. É assim na vida, na advocacia e na política. Tem, no dizer da OA, “mérito e honorabilidade no exercício da advocacia, tendo dado assinalável contributo para a dignificação e prestígio da profissão e pelo seu empenhamento no exercício de funções ao serviço da Ordem”.

Diz o que tem a dizer. Enquanto advogado, ao longo da sua vasta carreira, deu um contributo para a dignificação e prestígio da profissão. Esteve sempre na primeira linha de defesa da advocacia e do Estado de Direito.

Foi formador do Conselho Regional da Madeira da Ordem dos Advogados e membro do Conselho Superior quando era bastonário Pires de Lima.

No início da carreira, foi Notário e Conservador do Registo Civil em Santana e, posteriormente, Conservador do Registo Civil e Predial de Santa Cruz.

Recorda os tempos em que esteve em Santana, onde para lá chegar se levavam uma eternidade.

“Fui conservador em Santana numa época muito difícil. Aí é que me custou. Na altura, Santana não tinha nada. Não tinha um quarto onde dormir nem um restaurante onde comer”, descreveu. “Comia numa taberna, arranjei um quarto na Conservatória, comprei um divã e uns lençóis e dormia lá. Tomava banho em água fria”, acrescentou.

Nunca abdicou da sua intervenção cívica e política. Aliás, chegou a ser eleito deputado na Assembleia Municipal do Funchal.

Sobre a homenagem que lhe será feita amanhã revela o seguinte: “Só vejo razão para isto uma vez que fui homenageado pela Ordem, levei comigo o nome Madeira. Contribuiu para que o nome Madeira fosse um bocadinho mais longe”.

Aos jovens que abraçaram a advocacia ou aos que pretendem abraçar a profissão, José Prada sugere que se especializem em áreas do Direito em expsanão. É o caso do Direito Administativo e Tributário.

“Por este caminhar, os Tribunais Administrativos e Fiscais estão a ficar com mais serviço do que os tribunais comuns”, explica.