A lista de candidatos às europeias: pior que isto, só isto mesmo!

A lista de candidatos às Europeias, na sua esmagadora maioria, não podia ter batido mais fundo. É mesmo caso para dizer que pior que isto só isto mesmo.

Por outras palavras, para quem já esteja desiludido com a política e políticos que vamos tendo este não é, definitivamente, o melhor momento para acreditar ou voltar a acreditar.

Salvo raras exceções, da esquerda à direita, o cenário é de uma pobreza franciscana.

Eis o quadro: alguns não sabem “dizer batatas duas vezes”; outros fazem figuras tristes com criancinhas ou em corsos carnavalescos; outros trocam a campanha por uma cavaqueira de futebolite aguda; outros ainda mostram o quão importante é ter mais uma caneta no estojo ou caderninhos de notas, muito úteis na eventualidade da falta de acessórios para a higiene pessoal; outros repetem à exaustão o nome do único político alegadamente corrupto, do único responsável pela crise e pela bancarrota; outros unicamente interessados em estabelecer primeira e vitalícia residência no Parlamento Europeu porque o vencimento é muito apetecível e a ganância não conhece limites ou ainda porque, por cá, nunca chegariam ao último galho da hierarquia partidária. Onde é que moras? Em Bruxelas.

Assistir a muitos dos debates é uma verdadeira via sacra, um ato de coragem, a paciência de Jó.

O conceito de democracia e de respeito pelo outro e pela sua opinião é coisa que muitos dos que enchem a boca com a palavra democracia  desconhecem em absoluto. Será falta de chá?

Os moderadores, coitados, torturados mártires, parecem estar no meio da praça do peixe. Cada um falar na sua vez, sem ser interrompido por outro ou outros, é pura ficção.

Dia sim, dia sim senhor, o cenário resume-se a isto: os candidatos atropelam-se uns aos outros, ultrapassam abusivamente o seu limite de tempo e, para mais ajuda, (ato de admirável inteligência) encarregam-se de não passar mensagem alguma quando decidem (muito respeitosamente, presume-se) falam todos ao mesmo tempo, sendo certo que aquilo que muitos deles nunca fizeram, em anos no Parlamento Europeu, é desta que vai acontecer. Se não for desta, acreditem, será da próxima ou da vez seguinte. É garantido. Nada, nada que se assemelhe às obras de Santa Engrácia ou às Calendas gregas. Decididamente não, conforme se tem comprovado em numerosíssimos casos de promessas mais que ocas ou de subservientes e humilhantes agachamentos perante os mais poderosos da Europa.

Em suma, com a qualidade mais que suspeita da maioria dos atuais candidatos, a escolha fica muito, mas muito mais difícil. Há que decidir, certo. Há que votar, sem dúvida. No entanto, em face do exposto, escolher em quem, sem risco de exagero, é quase tão custoso quanto os doze trabalhos de Hércules.  Ai não, que não.

Em todo o caso, e apesar da avassaladora mediocridade da maior parte do “elenco”, há que pensar positivamente. Vá lá, sejamos otimistas. Assim como assim, sempre nos deve animar a esperança de que o que a seguir vier não poderá ser pior.

Mais, por este andar, mais do que a esperança, a certeza.