Diz quem passou por funções no Parlamento Europeu que os eurodeputados nadam em trabalho, desdobram-se em reuniões e contactos e escrevem até doer os dedos centenas de páginas de relatórios. Tudo em nome da defesa das suas regiões e da dignificação da Europa. Mas o Estepilha também sabe que o grosso dos eleitores que vota nos eurodeputados está a anos luz desse tabuleiro político chamado Estrasburgo e projeto europeu.

Chamando as coisas pelos nomes: para o povo, e não para meia dúzia de intelectuais que não fazem a diferença na contagem dos votos, as eurodeputadas  são encaradas como, deixem passar a expressão popular bem madeirense, “bonecas de massa com massa”. Muito retrato para o Facebook, muito sorriso e simpatia, uma palestra ali e acolá para dissertar sobre o futuro sempre adiado da Europa, muita viagem, e um vencimento mensal que faz pasmar o povo que as elege. Injusto? Talvez. Mas, em política, o que parece é. Sem trabalho efetivo e permanente junto dos eleitores, e não de congressistas, partidos e redes sociais, prevalece o que justamente parece.

O Estepilha condescende: quem será analfabeto nesta análise será o povo e até o próprio Estepilha. Mas, além de ser, é preciso parecer, em política. E para o povo, as “babes” que os partidos escolhem para levar a Estrasburgo, com um generoso salário mensal, estão muito longe dos anseios do povo que as elege, passando como eternas desconhecidas, sempre peregrinas da Europa.

Sim, há muita palestra sobre o futuro da Europa. Mas o presente é sempre de viajantes a curto prazo de um cargo dourado, e depois deles, outros que se lhes seguirão, para discutir … os problemas e o futuro adiado da Europa.