Governo Regional fez mais de 350 intervenções em toda a ilha, projeto para a Ribeira de João Gomes nos “últimos retoques”, revela Amílcar Gonçalves a propósito do 20 de fevereiro

Amílcar Gonçalves considera que as intervenções resultantes do 20 de fevereiro “não devem ser tratadas de forma apaixonada e isolada, e muito menos com extremismos, nem da parte da engenharia, nem das outras áreas, como sejam o ambiente, a cultura ou o património”.
Lançamento da empreitada para a Ribeira de João Gomes está para breve, diz o secretário dos Equipamentos e Infraestruturas.

O secretário regional dos Equipamentos e Infraestruturas revelou, ao Funchal Notícias, que no âmbito das obras de recuperação resultantes do 20 de fevereiro de 2010, foram realizadas mais de 350 intervenções por toda a ilha, com um custo estimado superior a 600 milhões de euros”.

No dia em que passam nove anos desde a tragédia, Amílcar Gonçalves refere que, em matéria de obras “foram umas maiores outras mais comedidas, desde a hidráulica, às vias de comunicação e portos, passando pela habitação e pelas infraestruturas escolares e de saúde”, deixando bem presente que “todos os sectores foram contemplados”.

No âmbito destas declarações, dá conta, também, que relativamente à intervenção na Ribeira de João Gomes, o Governo Regional “está neste momento a proceder aos últimos retoques do projecto de execução, sendo que o lançamento da empreitada será para breve. Além disso, a SREI está a compor o projecto com as exigências emanadas da autarquia, nomeadamente, junto das muralhas e da manutenção da ponte do Campo da Barca. Ainda em 2018 já tínhamos anunciado que a obra arrancaria em 2019”.

Intervenções sem extremismos

O governante diz que “estas intervenções não devem ser tratadas de forma apaixonada e isolada, e muito menos com extremismos, nem da parte da engenharia, nem das outras áreas, como sejam o ambiente, a cultura ou o património. O território faz-se desta paleta de cores e de camadas, justa posições e sobreposições, sempre foi assim e sempre assim será. É deste modo que devemos actuar, só assim se encontra o equilíbrio necessário e sempre a bem da nossa terra, da segurança e do legado de quem a habita”.

“Todas estas intervenções tiveram por base o EARAM, o Estudo do Risco dos Aluviões na Ilha de Madeira e que contou com um número significativo de técnicos e investigadores de topo”.

A atuação do Executivo Regional, diz Amílcar Gonçalves, “tem sido sempre preventiva, diligente e responsável”, lembrando que estamos perante “um território, às vezes belo, às vezes hostil que habitamos. São também, este território e esta paisagem que às vezes nos atraiçoam. São as repentinas aluviões, os incêndios florestais que entram pela nossa cidade, os deslocamentos de massa e queda de blocos sempre imprevisíveis, o mar tempestuoso, o vento poderosos, uma panóplia de eventos para os quais temos que estar preparados”.

O Estudo do Risco na base dos trabalhos

O titular da pasta que tem a tutela das obras públicas, sublinha que “perante todas as adversidades que esta ilha pode sofrer, e claro, do mesmo modo, a sua população, todo o esforço do homem é ínfimo, mas necessário e indispensável. Prova disso foi o esforço no pós 20 de Fevereiro de 2010, esforço este levado a cabo também pelo Governo Regional e que perdura ainda hoje com muitas intervenções no território a decorrerem e outras a começarem em breve”.
Amílcar Gonçalves aponta que “todas estas intervenções tiveram por base o EARAM, o Estudo do Risco dos Aluviões na Ilha de Madeira e que contou com um número significativo de técnicos e investigadores de topo, nacionais e regionais. Este estudo permitiu definir os princípios orientadores para as intervenções de recuperação, assentes numa base científica e muito séria. Destes princípios, destacaria os relacionados com intervenções de carácter de correcção torrencial que necessitam de obra física e os de carácter preventivo, abordando este último, medidas de gestão e de ordenamento do território”.
A actuação do Governo Regional foi transversal e com intervenções em todas as frentes, como salienta o governante, que destaca “as acções de reflorestação em curso, o Plano de Gestão de Cheias e Inundações aprovado, a monitorização das bacias hidrográficas, o Radar Meteorológico e tantas outras intervenções de carácter menos intrusivo realizadas, como sejam as limpezas e desobstruções cíclicas das linhas de águas”.
Ainda no âmbito do AERAM, o secretário regional indica que foram definidas “as variáveis críticas de precipitação e do comportamento do escoamento torrencial das nossas ribeiras e ribeiros, variáveis estas que foram depois introduzidas nas modelações e na elaboração dos diversos projectos de correcção torrencial, obtendo-se as secções de projecto das obras a realizar, e sempre com o enfoque principal na segurança. Todo o trabalho realizado, todas as intervenções tiveram por base este guião, e claro, também um papel decisivo do Governo Regional, dos seus responsáveis e dos seus técnicos que tão bem serviram e servem esta Região”.

Obras em atraso para três famílias

Relativamente à questão da habitação, onde as críticas têm sido no sentido de haver ainda casos de espera de solução, nove anos depois, os números são revelados pela secretaria regional da Inclusão e Assuntos Sociais, através da Investimentos Habitacionais da Madeira, dando conta que “das 220 famílias apoiadas pela IHM na recuperação das suas habitações, apenas três encontram-se com execução de obras em atraso devido essencialmente a questões familiares, de licenciamento e de incumprimento contratual das famílias nos apoios recebidos que, entretanto, ficaram resolvidos”.