Funchal instala “marcos de incêndio” e José Minas diz que todas as “bocas de incêndio do País estão obsoletas”

José Minas
O comandante dos Bombeiros Sapadores do Funchal diz que há abusos com as esplanadas mas diz que os bombeiros não têm problemas para intervir na Rua de Santa Maria.

A intervenção dos bombeiros em contexto urbano assume-se, sempre, como um dos focos mais relevantes de atenção. A rápida intervenção, em parte dependente dos acessos, a necessidade de defender pessoas e bens, torna por vezes o cenário de fogo como uma preocupação acrescida na respetiva operação de combate.

Neste enquadramento, há ruas e ruas. Há acessos e acessos, mas a verdade é que, aos olhos do cidadão comum, facilmente podemos aludir a uma maior dificuldade, para os bombeiros, se um dia houver necessidade de atuar, rápido, na velha da cidade, na Rua de Santa Maria por exemplo, onde a zona de restauração não deixa espaço de manobra para passar, muito menos para uma intervenção dos bombeiros.

O comandante dos Sapadores do Funchal, admite que as esplanadas na cidade podem resultar em alguma dificuldade, a existência “de uma série de abusos que nos preocupam, sobretudo ao nível do mobiliário que é utilizado”. Mas desmonta, de imediato, algumas questões: “O Funchal não é diferente de qualquer cidade do mundo. Nenhum sistema de segurança pode colocar em causa o modelo económico das cidades. Veja o caso dos hotéis antigos, construídos muito antes da atual legislação e não podemos demoli-los à luz das novas regras. O Funchal tem vários hotéis nessa situação”.

José Minas não foge à abordagem no tocante à Rua de Santa Maria. Para dizer, um tanto inesperadamente para quem está à espera de comprovar as dificuldades que um cidadão comum julga constatar, assim à “vista desarmada”. A reação esta: “Não temos qualquer problema de intervenção na Rua de Santa Maria”. Mas esclarece logo: “Claro que não vamos percorrer a Rua de Santa Maria de uma ponta a outra, tentar fazer isso é fechar a rua e deixa tudo de ser como é atualmente”.

O responsável pelos Sapadores revela que há um plano perspetivado, a ser implementado faseadamente, com o lançamento de rede de águas, seca, com uma coluna horizontal. A nossa mangueira está sempre lá. E só temos que ir a um determinado ponto, abastecer essa coluna e trabalhar em qualquer parte. Isso vai acontecer, por exemplo, no Bairro dos Moinhos, que já será requalificado dessa forma”.

E estamos chegados às bocas de incêndio, uma questão que tem suscitado críticas, por parte da população e dos partidos políticos. José Minas desmistifica: “Todas as bocas de incêndio do País estao obsoletas. As pessoas, às vezes, não compreendem. Não adianta ter uma boca de incêndio à porta de casa quando o caudal não é suficiente. O modelo não se coaduna com os nossos equipamentos”.

E qual é, então, a solução? José Minas esclarece que o plano de futuro passa pela instalação daquilo a que se chama de “hidrantes” ou marcos de incêndio, com uma capacidade de abastecimento muito maior, ligados a uma rede primária, conduta de maior capacidade. E tem adaptadores exlusivos para nós, o que vem resolver muitas questões da rede de incêndios, que é utilizada, como se sabe, de forma abusiva, tiram a rosca, colocam um adaptador e utilizam a água”.

Neste momento, já foi desenvolvido um levantamento da rede primária de abastecimento e dos tanques, feito com a participação dos Bombeiros Sapadores, em articulação com o Serviço Municipal de Proteção Civil, ouvidos o Bombeiros Voluntários e o Governo, através da entidade responsáveis pelas Florestas, no sentido de colocar hidrantes nas zonas altas da cidade e à saída desses mesmos tanques. Alguns estão já a ser colocados dentro das prioridades estabelecidas”.

José Minas diz que “as pessoas não terão um marco de incêndio à porta de casa, mas haverá maior capacidade de utilização dos mesmos. É importante perceber que a Madeira tem uma orografia muito específica. O Funchal tem uma diferença de cotas, entre a área habitada e a baixa, de 800 metros. Se meter um tanque lá em cima d uma conduta, a água chegava com uma pressão que rebentava tudo. Temos tanques, depois temos as chamadas câmaras de perda de carga e a água chega cá em baixo com uma pressão utilizável”.

Neste contexto, atendendo a que a rede de incêndios está pendurada na rede de abastecimento domiciliário, regista-se uma perda de água em função, também, da utilização que as pessoas fazem da água, usam-na em excesso e depois falta”.