15 de agosto 2017: 13 mortos e 50 feridos: justiça à portuguesa é injustiça institucionalizada

ILUSTRAÇÃO JOSÉ ALVES.

“Justiça tardia nada mais é do que injustiça institucionalizada.”
(Rui Barbosa)

No dia 15 de agosto de 2017, a queda de um carvalho matou 13 pessoas e feriu cerca de 50, no Largo da Fonte, antes da procissão em honra de Nossa Senhora do Monte. O Ministério Público reagiu ao retardador e abriu um inquérito para apurar responsabilidades criminais. Estamos a 4 dias de nova festa do Monte, um ano depois, e a justiça atira um recadinho a certa imprensa a prometer decisão lá para setembro…

O Estepilha não consegue imaginar a dor dos familiares das vítimas do arraial do Monte. Sós e esquecidas. Com dispensa das pseudomágoas de curta duração de todos os políticos que trabalham primeiro para a propaganda eleitoral e depois para as pessoas. Mas conhece bem o filme da justiça portuguesa que gosta sempre de conjugar os verbos “mastigar”, “peritar” e “surfar” na onda conveniente das diligências para adiar, com justa causa, as decisões e os processos. Por isso, ninguém, pasme se, em setembro, a decisão que já leva a demora de um ano seja adiada para outras calendas, com o pretexto de a complexidade técnica da matéria de iuris e de factum assim o exigir. Já estamos a ver os penalistas Rui Pereira e Germano Marques da Silva a urdirem mais doutrina sobre esta máquina infernal das alíneas, vírgulas e exceções do Direito.

Quem nasceu na Democracia, quer acreditar sempre no Estado de Direito. Mas gostaria de ver ao serviço dos tribunais não funcionários em modo piloto automático mas gente verdadeiramente séria (que não seja apenas mas que pareça também que é séria) e a fazer da justiça uma causa nobre e eficaz. Por favor, não se enamorem tanto da ilha e dos amigos para poderem decidir com isenção e rapidez. Só o recato e o trabalho aturado e solitário  permitem produzir uma justiça digna e respeitável, sem o dedo da paleta das cores políticas.