
A situação criada com a denúncia de contratos relativos a seguros de vida associados a créditos à habitação de clientes do Santander, por parte do Grupo Segurador que inclui a Tranquilidade e a Açoreana, tem originado algumas situações de apreensão dos segurados abrangidos por essa decisão e cuja solução a Seguradoras Unidas, assim é a nova denominação, está a avaliar. A denúncia, desde 31 de dezembro, colocou os créditos a descoberto de cobertura.
Há casos, no entanto, de maior gravidade e de solução muito difícil para não dizer mesmo impossível. Um deles, a que o FN teve acesso, prende-se com um cliente que contratualizou um seguro na Açoreana, que entretanto passou a uma incapacidade de 70% e que, ainda em 2017, estava em negociações com a seguradora no sentido de acionar o respetivo seguro que lhe permitia beneficiar do pagamento do remanescente da dívida em função do que está estabelecido na legislação devido ao grau de incapacidade. Nunca obteve resposta por escrito, embora em alguns contactos telefónicos tivesse conhecimento de que o seu pedido tinha sido deferido, mensagem sempre recebida através de funcionários. Em janeiro, recebe a carta do Santander, a que já fizemos referência para outros casos, onde refere a denúncia de contrato do respetivo seguro. Agora, incapacitado a 70%, está, como diz, de “mãos atadas” e consciente que “não há seguradora disponível para este caso. Já tentei fazer um seguro por dois ou três meses até que se resolva tudo, mas não há quem faça”.
O cliente do Santander, cuja identidade não divulgamos por razões que se prendem com a privacidade que o assunto exige, mostra-se desolado com a situação. Diz que o caso foi exposto em devido tempo, a seguradora deixou passar meses para uma resposta por escrito, nunca o fez, até que agora o contrato é denunciado e não há solução.
No documento enviado à Açoreana, em agosto de 2017, lembra que ficou insuficiente renal e que lhe foi conferida, associando comprovativo médico, uma incapacidade de 70%, situação que o leva a solicitar a ativação do seguro de vida associado ao crédito à habitação. Nunca obteve resposta, todas as explicações foram dadas ou pessoalmente nas agências ou pelo telefone. Quando foi informado que o seu pedido tinha sido deferido, pediu que essa decisão fosse enviada por escrito, via postal ou por mail, situação que nunca ocorreu não obstante as insistências constantes nesse sentido. A carta do Santander foi a única “resposta”, a que naturalmente não queria ter. Deixou-se com o “crédito nas mãos”. “Ninguém faz seguro com incapacidade de 70%, mas a situação deveria ser assumida pela seguradora, que está por centro do problema e que teria que encontrar uma solução”, desabafa.