Eventuais irregularidades nas listas para a eleição de delegados não colocam em causa disputa para a liderança do PS-M

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Candidatura de Carlos Pereira com irregularidades apontadas pela Comissão Organizadora do Congresso, reage dizendo que a candidatura de Emanuel quer “ganhar à força”.
Paulo Cafofo Porto Santo
A candidatura de Emanuel Câmara traz de novo o facto de haver um outro candidato a presidente do Governo, em 2019: Paulo Cafôfo.

A Comissão Organizadora do Congresso do PS-Madeira deu a conhecer que “na sequência da análise e verificação das listas de candidatos a delegados apresentadas pela Candidaturas “Verdade e Credibilidade” (Carlos Pereira) e “Um Futuro Pelas Pessoas” (Emanuel Câmara), no que respeita às irregularidades não passíveis de regularização, constatou que a candidatura “Verdade e Credibilidade” não entregou listas de candidatos a delegados a São Roque, Água de Pena, Porto da Cruz/Santo da Serra, Ponta do Sol, Achadas da Cruz e CTT”, informando ainda que “a candidatura “Um Futuro Pelas Pessoas” não apresentou lista de candidatos a delegados a Jardim da Serra/Quinta Grande”.

De acordo com o Regulamento para a Eleição do Presidente e dos Delegados ao XVIII Congresso Regional do PS-Madeira, a COC diz terem sido que consideradas inválidas as listas de candidatos a delegados pela candidatura “Verdade e Credibilidade” Calheta/Arco da Calheta, São Martinho, Caniçal, Ribeira Brava, Camacha/Gaula, Caniço, Santana/São Jorge e Boaventura/Ponta Delgada, pela não inclusão de um terço de suplentes, conforme estatuído no n.º 2 do artigo 11.º do Regulamento.

Diz o regulamento que “cada lista deverá conter um número de candidatos igual ao número de delegados a eleger na respetiva secção, sendo obrigatório a inclusão de um terço de suplentes”.

Hoje, o Diário de Notícias do Funchal dá conta desta irregularidade, que em termos práticos coloca a lista de Carlos Pereira numa situação menos confortável em termos de Congresso, mas não coloca em causa a ida às urnas do próprio candidato a líder do PS-M, cujas eleições têm lugar na próxima sexta-feira, 19 de janeiro. De facto, em termos de boletins de voto serão em separado, um para a eleição do líder, outro para a eleição dos delegados.

Emanuel Bento, membro do secretariado do PS-Madeira e elemento ligado à recandidatura de Carlos Pereira, considera que se trata de uma situação pouco clara, referindo o facto da Comissão Organizadora do Congresso integrar, na sua maior parte, elementos da candidatura de Emanuel Câmara. Diz aquele dirigente partidário que não existe, no regulamento, nada que refira que o terço de suplentes deva ser arredondado por excesso, acusando o COC de “preparar uma regra à medida dos interesses da lista B”.

Emanuel Bento acusa a candidatura de Emanuel Câmara de querer “ganhar votos à força”, mas diz que “quer queiram quer não, Carlos Pereira vai a votos no dia 19 em todas as seções e só nessa altura se verá quem é que os militantes irão escolher para líder”.

As eleições no PS-Madeira prometem, assim, uma disputa que se afigura como a mais “quente” desde sempre ocorrida no partido na Região, numa tensão que tem vindo a subir de tom conforme os dias estão a aproximar-se da eleição. Carlos Pereira acusa Emanuel Câmara de fugir a debates e de ser barriga de aluguer de um candidato que não pertence ao PS, referindo-se a Paulo Cafôfo, este a assumir-se como candidato à presidência do Governo Regional, nas eleições regionais de 2019, se Emanuel vencer agora as internas. Por sua vez, Emanuel tem criticado a atual direção do partido pelo facto de não ter sabido tirar partido da mais valia que foi a vitória de Cafôfo na Câmara do Funchal, considerando que a sua candidatura é impulsionada por um conjunto de vontades internas de mudança, além de sublinhar a oportunidade que o partido tem de, em 2019, colocar como candidato uma figura ganhadora.

Serão cerca de 2 mil militantes que na próxima sexta-feira serão chamados a decidir quem pretendem ver na liderança do PS-M, se Carlos Pereira se Emanuel Câmara.