Governo descongela carreira dos professores mas o que está para trás está para trás

António Costa Primeiro-Ministro
António Costa promete descongelar a carreira dos professores mas a contagem integral do tempo de serviço fica na gaveta por causa do “forte impacto orçamental”.

O que está para trás está para trás, faz parte da história. É isto, mais ou menos, que o primeiro-ministro vem dizer aos professores que hoje estão em greve. Ontem, António Costa foi claro quando afirmou que a contagem de todo o tempo de serviço iria ter “um grande impacto orçamental”, por isso é garantido que essa reivindicação dos docentes, que constitui o núcleo do pacote que justifica esta paralisação nacional, não será satisfeita.

Costa promete que “o Governo vai descongelar as carreiras dos professores”, mas se fosse imediatamente reposto esse tempo em que o cronómetro não esteve a contar, teria um impacto de 650 milhões de euros, já. E, sendo assim, “não há condições financeiras para que isso fosse possível e foi por isso que propuseram haver um faseamento desse impacto”.

O primeiro ministro compreende a revolta dos docentes face a uma injustiça, que foi a paragem, há anos, do cronómetro que contava o tempo da sua carreira para efeitos de progressão, mas apenas garante que o que vai fazer o Orçamento é colocar de novo o cronómetro a funcionar.

A progressão na carreira dos professores está parada há uma década e a proposta de Orçamento do Estado para 2018 não contempla o trabalho realizado entre 31 de Agosto de 2005 e 31 de Dezembro de 2007 e entre Janeiro de 2011 e 31 de Dezembro de 2018.

A reunião de ontem, no ministério, envolvendo os sindicatos, não reuniu consenso, sendo que ficou marcado novo encontro para a próxima quinta-feira, uma vez que o Governo ainda acredita que possa haver acordo. Não foi suficiente, no entanto, para impedir a greve de hoje, que os sindicatos esperam seja “histórica”, apelando a uma forte participação dos docentes.

Daqui a pouco, na Madeira, os professores vão estar em concentração junto à Assembleia Regional, entregando posteriormente, um documento com as reivindicações, ao secretário regional das Finanças e ao vice presidente do Governo, que tem a tutela das Finanças.