Sindicato de Hotelaria considera “extremamente graves” acusações feitas à Escola Hoteleira e solidariza-se com os estudantes

O Sindicato da Hotelaria já veio dizer que está solidário com os alunos da Escola Profissional de Hotelaria e Turismo da Madeira. O Funchal Notícias contactou hoje esta estrutura sindical na sequência da denúncia feita pela associação “Força de Estudantes da Madeira”, dando conta de pressões sobre os alunos por parte da instituição e de “menores que trabalham até à meia-noite, não têm transporte, assumem o pagamento do passe e só são reembolsados semanas depois”.

Na sequência do nosso contacto, considera o Sindicato, pela voz do seu dirigente Adolfo Freitas, que a denúncia apresentada pela Associação Força de Estudantes da Madeira no dia de ontem na comunicação social madeirense, e inclusive pelo Funchal Notícias, configura, caso denuncie efectivamente situações verdadeiras, uma conjuntura “extremamente grave”, tanto mais que se passam na principal escola de formação para a hotelaria da Madeira.

“Ao longo do tempo”, refere o Sindicato, tem sido conhecida a “exploração que é feita aos jovens desta escola”. Os alunos, quando  têm de estagiar nos hotéis, o  que os espera “são jornadas de trabalho diárias longas, com horários de trabalho em que têm de entrar cedo e sair tarde, e  têm de fazer trabalho como se fossem do quadro da empresa e a custo zero”.

O Sindicato diz que estes jovens estudantes que se iniciam na profissão “trabalham dias de descanso e feriados e não são remunerados. Se reclamarem, a ameaça é que vão ter nota baixa. Por outro lado os estágios são normalmente nos meses de Junho, Julho e Agosto, e perguntamos: porquê nesta altura?”

O Sindicato lança a interrogação, mas a pergunta é retórica, já que afirma: “Sabemos muto bem as razões de ser nesta altura, dado que é a época mais procurada pelos turistas e aos hotéis interessa, como costume em algumas unidades hoteleiras, ter estagiários a trabalhar muito, muitas horas de trabalho e de borla, dado que as empresas alegam que estão a estagiar”.

O Sindicato ironiza mesmo: “Digamos que a compensação que os estagiários têm durante o estagio são as refeições”.

O Sindicato da Hotelaria sublinha que já tentou, em tempos, na negociação do contrato da hotelaria, negociar uma compensação pecuniária para os estagiários. Porém, e infelizmente, as entidades patronais não aceitaram e alegaram que caso tivessem de compensar os estagiários poderia haver unidades hoteleiras que se recusavam a aceitá-los.

“Por outro lado a escola de hotelaria e as empresas fazem exploração destes alunos porque sabem que estão numa zona branca e não podemos solicitar a intervenção das entidades oficiais para fiscalizarem estas situações”, denuncia a estrutura sindical do sector. “As entidades empregadoras  e a escola abusam desta situação e depois queixam-se de que têm falta de mão de obra. Desta maneira, o que fazem aos alunos é o passe para estes emigrarem e procurarem uma vida melhor que a Região lhes negou”, afirma Adolfo Freitas.

O dirigente, em nome do Sindicato, salienta desde já que os alunos da Escola Profissional da Hotelaria “podem contar com o apoio do Sindicato da Hotelaria”. E a estrutura deixa um apelo: “Sempre que estejam a ser explorados denunciem ao sindicato para que sejam tomadas medidas”.