Acusações ao Governo Regional transmutam-se também em críticas a oportunismo partidário do PS-M e a críticas a António Costa

Fotos: Rui Marote

Toda uma série de questões que tem oposto o Governo Regional à oposição, e que de forma recorrente têm sido abordadas nas sessões plenárias,  estão a ser esgrimidas de forma mais ou menos desordenada na sessão desta manhã, que debate a moção de censura ao Governo Regional,  da autoria do PS-Madeira. Governo e as diversas forças políticas da oposição acusam-se mutuamente,  numa discussão mais ou menos acalorada,  na qual saltaram para a ribalta mais uma série de assuntos previamente abordados, desde a derrapagem orçamental do governo PSD Madeira à situação complicada no sector da saúde,  desde o novo hospital às instabilidades políticas quer no interior do Partido Social Democrata,  que no Partido Socialista madeirenses.

De um lado, põe-se em causa a oportunidade de remodelação que o Governo Regional recentemente levou a cabo, numa altura em que há dossiers importantíssimos no interesse da Madeira, em causa na discussão do Orçamento de Estado; do outro, questiona-se porque se levanta esta moção de censura ao Governo Regional neste momento, quando existem questões essenciais para todos os madeirenses que dependem da capacidade de negociação com o Estado português, mas também da boa vontade do governo socialista nacional. O CDS já levantou  estas mesmas questões, secundado por José Manuel Rodrigues,  que considerou esta moção uma “manobra” de Carlos Pereira para defender a sua liderança no PS-M numa altura em que a mesma é contestada no interior do seu partido por nomes como Emanuel Câmara ou Paulo Cafôfo, deixou insinuado.

Esta posição levou a críticas de Carlos Pereira ao CDS, acusando-o novamente de se preparar para ser uma espécie de bengala dos social-democratas,  como recorrentemente tem sido acusado.

No entanto,  o CDS, inclusive pela voz de Rui Barreto, insistiu em questões que tem assacado insistentemente ao PSD – M, como a redução da receita fiscal, algo a que Albuquerque respondeu afirmando que decorre da saída de empresas do CINM, causadas por maledicência dos partidos de esquerda do continente.

Também o JPP criticou as promessas nunca concretizadas até hoje, como o ferry entre a Madeira e Lisboa,  mas o Governo justifica os atrasos nesta questão e noutras, como a das carências da saúde, com responsabilidades não cumpridas pelo governo central, que não devolve à Madeira as verbas fiscais que lhe cumprem e que podiam ser utilizadas para suprir os problemas na saúde,  não facilita a construção do novo hospital da Madeira e não desbloqueia burocracias que empatam a ligação marítima e empataram outras ligações, inclusive aéreas, não garantindo de forma efectiva a continuidade territorial. Razões mais que suficientes para Raquel Coelho,  do PTP, considerar que devia haver uma moção de censura simbólica,  também,  ao governo de António Costa,  primeiro-ministro que se “esquece de que é socialista”, no que concerne aos madeirenses.

Pedro Calado, na sua intervenção no parlamento,  manifestou-se firme na manutenção do seu programa face às críticas,  inclusive de ser o “governante empreiteiro”, como lhe chama o bloquista Roberto Almada. Calado “mudou o bico ao prego” e criticou António Costa por falta de solidariedade para com a Região, como reduzir os juros que a RAM tem de pagar ao Estado português por causa da dívida. Seriam, como também alegou o secretário regional da Saúde,  Pedro Ramos, milhões que representariam importantes verbas para aplicar em sectores regionais que têm carências.

O deputado independente Gil Canha, por seu turno,  considerou que “não há salvação para este barco desgovernado”, onde foram admitidos recentemente “piratas jardinistas” a bordo.  Já não há nada a fazer, alegou, pois os piratas e “as ratazanas” já tomaram o controle da embarcação. “O melhor é a afundarmos depressa este navio”, considerou,  não se coibindo também de mandar uma série de recados para os “piratas cafofianos”, que considerou “piores que os piratas argelinos ou o corsário francês Bertrand de Montluc, que saqueou em tempos o Funchal” e que,  acusou, “se preparam para tomar de assalto esta nau”. Uma intervenção que foi no sentido da acusação de Raquel Coelho, de que António Costa só se recorda da Madeira quando se trata de promover as alegadas ambições eleitoralistas do actual edil do Funchal,  que, foi insinuado  por vários deputados, tem ambições políticas bem para além da autarquia funchalense.