Orgulho e preconceito

Cartoon: Hélder

Olhando para o título, poderia pensar-se que tratamos do romance de Jane Austen… Mas não, referimo-nos aos dois pólos opostos através dos quais pode ser vista, nos extremos, uma recente manifestação no Funchal, a primeira do seu género na nossa cidade – e isto estando os funchalenses já bem entradinhos no século XXI. A dita marcha do “orgulho gay” e arraial subsequente no Jardim Municipal, que se limitaram a copiar aquilo que já é feito em tantas cidades no mundo há décadas, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, colocou a nu uma “terrível” realidade, da qual tantos se faziam convenientemente “desconhecedores”, homo ou hetero, na nossa pequenina sociedade insular. Ora, não é que também há gays no Funchal? E inclusive muitas outras espécies de identidades de género e orientações sexuais, que o madeirense comum nem consegue enumerar ou articular, as tais descritas na sigla LGBTI+ – lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, etc., etc.

Ora, o desplante destes indivíduos é tal que, no Ano da Graça de 2017, começaram a sair à rua a gritar que querem “nem menos, nem mais, direitos iguais” e que querem ser representados numa sociedade democrática. Daqui a dias querem andar aos beijos na rua ou de mão dada como os casais.  Ao ponto a que se chegou!

As reacções foram das mais díspares, desde as divertidas e bem-humoradas às de grande indignação. No entanto, confessamos que esperávamos mais das redes sociais, já que elas geralmente servem para verter todo o tipo de insultos, opiniões e sentenças sobre a vida alheia, uma actividade que os madeirenses têm historicamente acarinhado.

Mas, tanto quanto nos apercebemos, a maior parte dos locais ou reagiu com piadas secas ou com um silêncio envergonhado. Indiferença? Não o cremos, pois não vemos manifestações deste tipo todos os dias nas nossas ruas. Talvez a sociedade local ainda esteja um pouco em estado de choque.

E agora, pergunta-se, o que vamos fazer à moral e aos bons costumes? Isto vai tudo por água abaixo. Afinal “eles” também já chegaram cá, e andam aí. E o típico macho latino, ortodoxo e conservador, como é que fica? E a mulher beata? Já não há respeito? Eles já não se limitam a frequentar casas de banho públicas e outros lugares sórdidos? Agora vêm para a rua com esta do “orgulho”? Benza-os Deus!

É tanto em intenção dos orgulhosos como dos preconceituosos que aqui deixamos, para memória futura, esta deliciosa interpretação cartoonística do nosso colaborador Hélder. Divirtam-se e a paz seja com todos vós!