Exposição destaca paixão oceanográfica de Alberto I do Mónaco; actual príncipe inaugura-a amanhã

Fotos: Alfredo Rodrigues

O Museu de História Natural do Funchal realizou hoje uma pré-apresentação para a imprensa, da exposição que amanhã será inaugurada pelo príncipe Alberto do Mónaco. Aparentemente, amanhã não será permitida a entrada da comunicação social naquele espaço. A segurança que rodeará a visita do soberano monegasco será provavelmente grande, tanto que enquanto a comunicação social aguardava o começo da visita guiada à exposição, chegou uma ampla equipa à paisana da Unidade Especial de Polícia da PSP, para fazer o reconhecimento do espaço.

A exposição resulta de uma colaboração entre o Museu sob tutela da CMF, os Arquivos do Palácio de Mónaco e o Instituto Oceanográfico do principado. A exposição foi dada a conhecer aos jornalistas pelo biólogo Manuel Biscoito, director do Departamento de Ciência da autarquia funchalense, pelo historiador Thomas Fouilleron, director dos Arquivos e da Biblioteca do palácio de Mónaco, e por Patrick Piguet, director do Património e Conservador do referido Instituto Oceanográfico. É constituída por amplos painéis que documentam, por escrito e através de fotografias e imagens, a personalidade, as origens, as relações familiares e paixão pela oceanografia de Alberto I, bisavô do actual príncipe.

Intitulada “Um Príncipe Navegador”, inclui relatos do modo como o soberano se tornou, em finais do séc. XIX/começos do séc. XX um verdadeiro patrono das investigações dos oceanos, colocando para tal várias embarcações ao serviço de toda uma série de eminentes sábios da sua época, dos quais se fazia rodear e que o acompanhavam nas suas viagens.

Alberto I realizou várias expedições nos mares da Macaronésia, especialmente nos Açores, mas também passou pela Madeira, tendo participado em caçadas às cabras então existentes nas ilhas Desertas. Aliás, não poupou a organização política e religiosa de então a um olho bastante crítico de viajante atento, tendo criticado a falta de condições existentes então na ilha numa série de áreas, desde as estradas aos cuidados médicos. Notava, de modo certeiro, que apesar de todas estas carências, se tinha então “inaugurado um teatro” e que era curioso assistir às primeiras representações no mesmo, uma vez que muitos dos autóctones não faziam ideia do que era um teatro nem de como nele se comportarem…

A exposição apresenta, além dos painéis informativos e repletos de imagens, várias pinturas da autoria de Louis Tinayre, datadas de 1904 a 1913, representando vistas do Funchal, das ilhas Desertas e das ilhas Selvagens, interessantes pela visão que nos proporcionam de uma outra época. Neste mesmo sentido vão as fotografias e mesmo os filmes, apresentados num écran, e da altura dos primórdios do cinema, que mostram a actividade a bordo dos barcos do príncipe do Mónaco, com grande movimentação de marinheiros e cientistas, sem falar do próprio monarca, que chega a aparecer, muito bem vestido e de fato e gravata, pendurado nas enxárcias do navio.

Também integram a exposição vários instrumentos da época, utilizados na investigação científica, para colher amostras dos oceanos. A tecnologia essencial de alguns deles é ainda utilizada hoje em dia, embora outros tenham sido substituídos, como é natural, por instrumentos muito mais aperfeiçoados.