
*Com Luís Rocha
Estava a acabar hoje a missa em honra de Nossa Senhora do Monte. Aguardava-se a procissão. De repente, um estrondo no exterior, no largo da Fonte. Uma árvore cai, começa toda a gente a gritar, fala-se em mortos. São chamadas as ambulâncias e começa-se a ter a noção da tragédia que tem grandes e sérias dimensões.
O nosso repórter no local foi informado de que há 11 mortos no local e 38 feridos. Os números da catástrofe são sérios mas ainda imprecisos dada a confusão geral que reina no centro do Monte.
Dezenas de ambulâncias de todas as corporações de bombeiros e demais socorro, acorreram até ao local. António Mendonça é testemunha desta tragédia e relata-a ao FN, com evidente indignação, porque em Março alertou o FN para o problema e denunciou a indiferença da Câmara Municipal do Funchal ao longo de anos. O nosso interlocutor estima que, “pelo menos, haja 6 mortos, pelo que referem as pessoas que vêm do local de impacto. Mas é um número que pode ir até uma dezena, atendendo à dimensão da árvore, com 70 centímetros de diâmetro. Não é bem uma palmeira como o Porto Santo. É muito mais grave, vem de cima para o passeio e leva tudo pela frente.”

António Mendonça reside mesmo no Largo da Fonte, aliás, na única residência que ali existe. Tem uma posição privilegiada sobre o assunto:”O mais grave disto tudo é que, há 14 anos para cá, duas vezes este ano, alertámos a Câmara, nas vereações de Albuquerque e Cafôfo para o perigo iminente destas árvores. Algumas delas estão rachadas e amarraram com cabo de aço a outras árvores, esquecendo-se que, no dia em caísse um galho, seria uma tragédia; infelizmente não demorou muito”.
António Mendonça, da sua varanda, está a 30 metros do local da desgraça, vê corpos no chão cobertos pelos lençóis: “Ninguém, fez nada, nem o presidente nem o vereador do pelouro. Na anterior vereação, Miguel Albuquerque e o seu então vereador Costa Neves”.
De vez em quando, “muita raramente, cortam uns galhos e deixam correr o problema. É tão recorrente a minha reclamação, porque moro a metros e tenho a perceção do problema mas todos sempre ignoraram. Estou disposto a ir a tribunal como testemunha de todas vítimas levando documentos que afirmam o que estou a dizer”.