Crónica Urbana: a ‘Senhora das Sombras’…

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Rui Marote

Sempre inspirado pelas metáforas bíblicas, hoje abordo o facto de muitos questionarem-se sobre o porquê do ‘Rei Marek’ não mandar tocar as trombetas para anunciar a ‘Senhora das Sombras Rainha Kalesi’, como a suposta candidata laranja às autárquicas, quando estamos a oito meses das eleições.

Nos últimos tempos, em cada reunião semanal do Conselho de Governo a ‘Senhora das Sombras’ (que no passado já intitulámos de “poderosa”, a par de Susana Prada) é sempre nomeada para uma nova tarefa, ou seja, como em gíria se diz, carrega o piano. O ‘Rei Marek’ quer mostrar ao povo a capacidade da futura candidata que se encontra na sombra, com um “low profile“, ao invés de ser anunciada já como a candidata oficial.

Será esta a táctica escolhida para esgotar de cansaço o candidato ‘Oseias’ da Mudança” (Oseias, já agora, quer dizer “Salvação”) e que está sendo guiado conforme o destino pelos partidos da oposição.

Há quem já tenha as listas prontas com suplentes e tudo, e se as eleições fossem para a semana, já tudo estaria preparado, mas preferem semanalmente anunciar um presidente de Junta e mensalmente um vereador.

Já passou o tempo em que, para arranjar candidatos para eleições autárquicas, os dirigentes sujeitavam-se a visitar tascas, beber uns jaqués e colocar o papel frente às pessoas – assina aqui …! , e a troco de copos a lista ia-se compondo. Frequentemente, já refeitos da ressaca, quando as listas eram publicadas muitos não se recordavam que tinha assinado… Mas também havia quem se vendesse por um saco de cimento ou uma folha de zinco…

Os tempos são outros. Hoje temos Internet, os mupis nas paragens de autocarros e ate as presidências abertas…

O saco de plástico, o avental, o isqueiro, o porta moedas, são brinquedos de meninos pobres que já pouco se usam. Quanto aos grandes jantares, comícios com Quim Barreiros e Tony Carreira, era grande divertimento para o povo, mas hoje nem dinheiro para os ‘Galáxia’ existe. Os comícios às portas das igrejas, as investidas à saída das missas dominicais, praticamente passaram de moda, pois agora nem os crentes à missa vão.

Recorde-se que a composição das mesas de voto era, na sua maioria, constituída por elementos da “laranja mecânica”, com direito a um almoço pago pelas juntas de freguesia no dia das eleições. Os partidos da minoria tinham dificuldades em escalar gente para as mesas e muitos não compareciam e eram substituídos por gente da maioria.

Hoje já não é assim: até correm, são remunerados e têm um dia de descanso no trabalho.
Vou terminar como comecei, referindo-me à “Senhora das Sombras”, apelando a que se faça luz…