
O processo de privatização do JM não tem sido fácil. Depois de um primeiro prazo, que expirou sem que surgissem propostas concretas, apenas manifestações de interesse, prosseguiram as negociações entre Governo, que detém o matutino a cem por cento, e as partes eventualmente interessadas na compra, obrigando o Executivo a dar novo limite de tempo para que surgissem propostas concretas que pudessem resolver a venda do jornal que surgiu na sequência da entrega do título anterior, Jornal da Madeira, à Diocese.
Para já, a data limite de entrega de propostas está marcada para o final do dia 22 de fevereiro, amanhã, quarta-feita, prevendo-se que apenas na quinta sejam divulgados mais pormenores sobre o andamento do processo, se haverá um ou mais interessados e quem são eles.
Depois de uma primeira fase de impasse, surgiram algumas informações, não confirmadas nem desmentidas pela tutela, a secretaria dos Assuntos Europeus e Parlamentares, colocando o Diário num patamar efetivo de interesse, facto que desde logo desencadeou algumas críticas quanto ao risco que uma opção deste tipo poderia trazer no âmbito do monopólio da comunicação social escrita, uma vez que o governo sempre se afirmou defensor de dois jornais, a favor do pluralismo, o que neste quadro de participação do DIÁRIO seria praticamente impossível.
Há quem afirme que o interesse da empresa que detém o outro matutino regional, que não é de agora e que já vinha do passado, estava assente em duas vertentes, uma de forme direta, outra de forma indireta, deixando o Governo sem muita saída tendo em conta que não apareciam outros empresários interessados e era urgente resolver o problema da privatização. Só nesta condição é que a empresa do JM poderia candidatar-se ao pacote de apoio aos media, aprovado pelo Governo Regional, o que se torna inacessível se se mantiver o caráter de orgão público.
Fontes ligadas ao processo garantem que, mesmo causando essa apreensão em matéria de risco de cairmos num monopólio, a presença do DIÁRIO deverá acontecer de qualquer forma, tudo indicando que estará colocada de parte a hipótese de concorrer sozinho. Se assim for, de acordo com as mesmas fontes, perfilha-se o interesse de Avelino Farinha, a que se juntará um ou mais empresários ainda por revelar, mas que deverão ter ligações ao grupo Blandy neste negócio.
Não há certezas, até porque neste momento ainda é uma incógnita o número de propostas entradas ou a entrar. Mas sabe-se que as negociações entretanto levadas a efeito, para que se concretizem as propostas e se encontrem sinergias necessárias à privatização com viabilidade, poderão mesmo conduzir a um cenário muito semelhante ao que nos contam como quase assente.