Susana Prada desculpa impacto dos fogos com condições meteorológicas excepcionais

 

oi001921.jpg

A secretária regional do Ambiente, Susana Prada, invocou hoje condições meteorológicas excepcionalmente adversas para explicar o alcance dos fogos que devastaram a Madeira no mês de Agosto e que, inclusive, chegaram a ameaçar o centro do Funchal. Segundo disse a governante hoje no parlamento, em meio ao debate potestativo sobre o tema convocado pelo CDS, também a 20 de Fevereiro de 2010, aquando da aluvião, as condições de precipitação foram totalmente fora do comum, com um período de retorno de cem anos – ou seja, explicou, segundo determinados modelos, será esse o período de tempo que será necessário esperar para que se voltem a verificar condições como as que ocorreram nessa data fatídica. A catástrofe inversa, ou seja, a dos fogos, também foi potenciada por circunstâncias climáticas extremas, com um período de retorno ainda mais alargado – 400 anos. Os ventos, por outro lado, foram extremos, o que aliás foi reconhecido inclusive por deputados da oposição, como o independente Gil Canha. Procurando explicar o que aconteceu depois que o Governo deu a entender que a situação estava controlada, Susana Prada disse que antes das 16 horas desse dia, o vento tinha amainado, levando a crer que haveria uma acalmia, mas depois voltou com mais força, com enorme projecção de faúlhas sobre a cidade. E foi devido a estas circunstâncias, alegou, que os incêndios se espalharam no Funchal.

rubina leal

 

Sílvia Vasconcelos, da CDU, falou num tema que também foi abordado por outros deputados, a necessidade de incentivar a agricultura biológica na Madeira, como modo de evitar incêndios, já que o facto de não estarem terrenos ao abandono e de existir maior vigilância, inclusive por parte dos próprios populares, serve como prevenção contra os fogos. Por outro lado, insistiu na necessidade de acabar com a prevalência de eucaliptos e acácias, espécies infestantes e que são facilmente combustíveis. Rafael Nunes, do JPP, constatou pelo seu lado que a Madeira “não está minimamente preparada” para fazer face a calamidades desta magnitude, apontando também o dedo a todo o dinheiro que se gastou numa florestação errada, bem como ao facto de durante anos, nos governos PSD, o debate sobre o uso de meios aéreos no combate a incêndios ter sido um assunto tabu, tal como a criação de zonas-tampão entre a serra e as áreas urbanas, de forma a proteger estas últimas dos fogos. “Por muito tempo o PSD não quis responder a estes assuntos”, apontou.

Também Roberto Almada, do Bloco de Esquerda, considera que falta operacionalizar e colocar no terreno uma estratégia de reflorestação com espécies autóctones e criação de zonas de corte de fogo, entre o campo e as áreas urbanas. Afirmou, por outro lado, que há pessoas que ficaram desalojadas com os incêndios e que estão agora a habitar instalações na zona da Cancela que não oferecem condições de habitabilidade – de tal modo que até a sua saúde pode ser afectada. Acusou ainda a Protecção Civil de não ter, no decurso dos fogos, acedido a proceder a uma efectiva articulação com a Câmara Municipal do Funchal, aquando do pico da situação crítica dos incêndios.

oi001919.jpg

A secretária regional da Inclusão e Assuntos Sociais, Rubina Leal, negou qualquer sectarismo na Protecção Civil, tanto quanto do seu conhecimento, e assumiu que o Governo Regional atravessa actualmente determinadas dificuldades de realojamento: “Ainda não foi possível dar resposta a todas as famílias”, admitiu. Porém, garantiu que se estão a envidar todos os esforços nesse sentido.

Por seu turno, o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, Sérgio Marques, que também se encontrava presente no hemiciclo com Rubina Leal e Susana Prada, respondeu à questão dos meios aéreos sublinhando que será feito um novo estudo que esclareça, de uma vez por todas, se o uso dos mesmos no combate a fogos na Madeira é viável, ao contrário do que, lembrou, foi apontado por estudos anteriores. Tanto mais que os mesmos são bastante onerosos. De caminho, negou uma insinuação do PTP, de que receberia uma reforma de 15 mil euros por mês da sua actividade como deputado europeu. Assegurou que só receberá a reforma aos 66 anos de idade e do PE receberá muito menos do que a quantia insinuada por José Manuel Coelho.