Os pescadores estão a regressar dos Açores -como diz o poeta- com uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma.
A faina, até agora, não foi boa.
Ao porto do Caniçal, começam a encostar os barcos e a ecoar os lamentos.
“Uma gaivota pergunta-se ‘porquê tantas embarcações de pesca no porto do Caniçal nesta altura do ano’. Uma a uma vão chegando da faina trazendo pouco ou nada. Uma a uma vão chegando dos Açores onde por mais um ano a faina foi fraca. E agora resta deixar a embarcação amarrada no porto esperando por dias melhores, provavelmente muitas só voltarão a trabalhar no próximo ano, lá para meados de Março. Adivinham-se meses difíceis”, relatou um pescador do Caniçal.
Para os homens do mar, de nada valem as parangonas e estatísticas tiradas da lota segunda as quais já foram descarregadas não sei quantas toneladas de atum.
“Se alguém o ver [alusão ao secretário regional da Agricultura e Pescas], por favor digam-lhe para passar pelo Caniçal para ver a verdadeira realidade que vai para além de um escritório”, desabafou Fernando Caldeira.