Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal distinguida com o Prémio Internacional Terras Sem Sombra

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Pico do Areeiro 2003 Parque Ecológico

Com Lusa

A Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal foi distinguida com o Prémio Internacional Terras Sem Sombra na categoria Salvaguarda da Biodiversidade.

O Prémio na categoria de Salvaguarda da Biodiversidade será entregue à Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal (AAPEF), fundada em 1996, dois anos depois da criação do parque, pela autarquia, na zona montanhosa sobranceira à cidade.

O programa de reflorestação, com uma área de dez quilómetros quadrados, tinha por objetivo recuperar as formações vegetais primitivas, minimizar as condições de propagação de fogos, reduzir a erosão e diminuir os efeitos catastróficos das cheias, da infiltração das águas e reforçar as nascentes.

Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha 18.12.2010 Parque Ecológico

A AAPEF surgiu com o objetivo de mobilizar voluntários para os trabalhos. Em 2001, passou a concentrar a sua atividade na zona mais alta do parque, no Pico Areeiro, entre os 1.700 e os 1.800 metros de altitude, com o projeto “Oásis num deserto de montanha”, numa área que estava completamente desertificada. Em agosto de 2010, um incêndio destruiu aproximadamente 90% da vegetação plantada.

“Apesar do revés”, a AAPEF, “determinada em colaborar com a natureza na recuperação da biodiversidade”, plantou cerca de 50.000 plantas, exclusivamente com trabalho voluntário, pertencentes a 41 espécies endémicas e indígenas da Madeira, recordou fonte do festival.

Raimundo Quintal, refere que foi com muito orgulho e um enorme sentido de responsabilidade, que a direção da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal tomou conhecimento de tão importante distinção num momento em que está prestes a atingir 20 anos de trabalho em prol da salvaguarda da biodiversidade no maciço montanhoso do Pico do Areeiro na ilha da Madeira. Diz também que o prémio é equitativamente repartido por todos os voluntários madeirenses e forasteiros, que, em condições meteorológicas por vezes duras de suportar, conseguiram que, das fissuras do basalto, das cinzas vulcânicas e dos materiais piroclásticos, brotassem as incontáveis plantas indígenas e endémicas que hoje pintam com as cores da vida um dos mais belos píncaros da Ilha da Madeira.

O músico e programador Michael Haefliger e o arqueólogo sírio Khaled al-Asaad, de Palmira, foram outros dos premiados com o Prémio Internacional Terras sem Sombra.

O Prémio Internacional Terras sem Sombra é entregue no dia 02 de julho, às 18:30, em Sines, no litoral baixo-alentejano, pelo ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, adiantou à Lusa a organização do Festival, organizado pelo Diocese de Beja, que decorreu de fevereiro a junho, em oito concelhos do Baixo Alentejo.

Na área de Música e Musicologia, o Prémio Internacional Terras sem Sombra é entregue ao violinista e programador alemão Michael Haefliger, de 55 anos, que esteve “associado desde sempre a grandes festivais europeus”, nos quais “começou por intervir na qualidade de intérprete”, salientou à Lusa a fonte do Festival.

Violinista a solo, desde 1980, foi cofundador do Festival de Davos “Young Artists in Concert” (1986), que dirigiu até 1998, sucedendo-se a direção do Festival de Lucerna, que mantém desde 1999, “ao qual imprimiu um novo impulso, designadamente na programação de música contemporânea e na captação de públicos jovens”.
“Fundou, em 2003, a Lucerne Festival Orchestra, com Claudio Abbado, e a Lucerne Festival Academy, com Pierre Boulez”, adianta fonte do festival. No outono de 2013, com o escultor indiano Anish Kapoor e o arquiteto japonês Arata Isozaki, lançou “um projeto social inovador, a sala de concertos móvel Lucerne Festival Ark Nova, uma oferta à população da região de Fukushima”, afetada por um acidente nuclear em 2011.

A título póstumo o Prémio na área de Património Cultural distingue o arqueólogo sírio Khaled al-Asaad (1934-2015), que nasceu e morreu em Palmira, assassinado pelo grupo terrorista autodesignado Estado Islâmico.
Khaled al-Asaad estudou História na Universidade de Damasco e dominava a língua aramaica, mormente na sua versão palmirense. Em 1963, fixou-se na cidade natal para dirigir o museu local e, dois anos mais tarde, o Departamento de Arqueologia.
As escavações de Asaad, em Palmira, permitiram “enriquecer notavelmente a coleção do museu e, sob a sua orientação, levaram-se igualmente a cabo projetos de restauração do teatro, das muralhas da cidade e do Tetrapylon”. “Mesmo depois da aposentação, em 2003, continuou a colaborar, como perito, na investigação do património de Palmira, sendo muito respeitado”, segundo fonte do festival.
“Em 2015, prevendo-se a queda da cidade, Asaad colaborou na evacuação de um grande número de obras de arte e artefactos arqueológicos, mas escusou-se, no entanto, a sair da terra natal, tendo ele e o seu filho Walid sido detidos pelo auto-designado grupo Estado Islâmico”. Asaad “acabou por ser decapitado”. O seu corpo, pendurado “no poste de um semáforo, numa avenida da cidade nova (…) foi um aviso à população para que acatasse o regime de terror”, disse fonte do festival.