Uma no cravo, outra na ferradura

parecer-conta-alram3.jpg.jpeg

Fotos: Rui Marote

É lindo, já se sabe, o protocolo e o relacionamento cordial entre instituições. Trata-se, sem dúvida, de uma marca civilizacional, mas susceptível de induzir em erro o comum dos cidadãos. Olhando para estas imagens ontem colhidas pelo nosso repórter fotográfico Rui Marote, ninguém diria que se trata da entrega de um parecer pelo presidente do Tribunal de Contas, Carlos Antunes, ao presidente da Assembleia Legislativa Regional, Tranquada Gomes. Um parecer em que é referido que o parlamento regional gastou em 2014 328 mil euros em abonos “ilegais” pagos a funcionários e a ex-funcionários.

A explicação é capaz de ser simples. Primeiro, Tranquada Gomes não era presidente do parlamento na altura. Depois, para a casa da democracia, aquilo são trocos. Só não o são para o comum dos cidadãos.

parecer-conta-alram4.jpg.jpeg

A concorrer para esta visão das coisas está o facto de o próprio presidente do Tribunal de Contas referir que, na generalidade, as contas da Assembleia são “fiáveis”, apesar dos “indícios de infracções financeiras”, que, segundo Carlos Antunes, “não tiveram em conta os cortes que estavam legalmente fixados”.

Ou seja, para o comum dos cidadãos, que não tem trocos para mandar cantar um cego, é uma no cravo, outra na ferradura. E continua tudo bem. Claro, porque se nos lembrarmos do famoso ‘jackpot’ (4,2 milhões em 2014) estas infracções menores não  passam de contas de mercearia.