David Caldeira questiona no caso Banif: “Por que o Estado salva os depositantes e deixa ir à falência as empresas?”

banifHá uma questão de fundo que urge chamar à discussão: “Por que razão o Estado vem a correr salvar os depositantes dos bancos mas deixa as empresas irem à falência, com todas as consequências inerentes aos seus trabalhadores?” A questão é lançada ao FN pelo empresário David Caldeira que acrescenta: “Os donos dos bancos perdem tudo, contrariamente ao que se pensa, não são salvos de nada porque vão mesmo à falência. O Estado limita-se a salvar os depositantes para evitar que a economia pare e haja uma tragédia, desde logo a perda de confiança no sistema bancário”.

Estas questões surgem na sequência da compra do Banif pelo espanhol Santander, cujos contornos do negócio ainda estão por divulgar, como salienta David Caldeira. Outra questão que urge colocar é qual a razão de o Estado decidir vender o Banif já agora. “Em janeiro, entra em vigor uma diretiva da União Europeia através da qual só estão garantidos os depósitos a partir de 100 mil euros, por cada depositante. Assim os Estados já não podem intervir para proteger todos os depositantes. Assim se explica a urgência da venda do Banif antes de janeiro”, esclarece Caldeira.

Este negócio é, na perspetiva deste investidor, algo que acaba mal, reitera. O Estado entrou há dois anos e pouco com 60% do capital do Banif, ficando com a maioria, tendo pago por essa quota 700 milhões de euros. Neste momento, vende os 60% ao Santander por 150 milhões de euros apenas. Ora, não é o Estado que perde mas os contribuintes. Ainda assim o assunto não fica resolvido. O Estado pode ainda perder mais para a frente porque a venda é condicionada. Além disso, o Estado tinha emprestado mais dinheiro ao Banif, além da quota que tinha, e resta saber como fica esta parte.

Outras dúvidas pairam no ar: “Por que razão o Estado escolheu a proposta do Santander, que lesa os contribuintes, quando havia um total de seis propostas na mesa? Como eram as outras, piores? Há que conhecê-las”.

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