A preocupação

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Tem subjacente causa e efeito. Diferindo muitas vezes no tempo, casos há em que coexistem. A causa de que vos vou falar é: a Guerra. O efeito: o sofrimento Humano.

Há quem tenha da História uma interpretação de que ela se resume ao uso da Força de uns Povos contra os outros. É uma versão simplista pois, o recurso à força, apenas ocorre quando se esgotam todas as outras alternativas. Os Estados, no exercício dos seus direitos de soberania, adquirem material bélico. Umas vezes, para se defenderem outras para “reporem ofensas”. O aperfeiçoamento das armas acompanha o homem há milénios e com elas os Humanos provocam destruição.

Da nitroglicerina à dinamite foi um ápice. No fim do séc XIX, ocorria a guerra da Secessão dos USA. A primeira que recorre às novas técnicas militares, onde as minas aparecem pela 1ª vez. Remetendo a dinamite para o tempo do arco e flecha, em 1945 surge a mais temível arma de destruição. Num curto espaço de tempo, o Homem dominou técnicas úteis na promoção do seu bem-estar. Elas, infelizmente, foram também causadoras de muito sofrimento.

No séc XX, viveu-se duas graves tragédias bélicas. A 1ª Guerra causou 10 milhões de mortos na Europa. Os nacionalismos aliados ao desemprego generalizado provocam migrações em massa. Finda esta desgraça, em 1918, os dirigentes mundiais tiveram a boa intenção – dizem que o inferno está cheio delas – de criar a Sociedade das Nações para dirimir os conflitos. De nada valeu! Numa escala de violência bem maior, o Mundo horrorizado assistia, em Set. de 1945, ao fim da 2ª guerra. O Homem munira-se da temível bomba atómica. Dela diriam seus “pais”, os Americanos: “Que precedente acabámos de criar para as outras nações que têm ainda menos escrúpulos e ideias do que nós! Não temos que nos orgulhar. E, para sermos perfeitamente honestos, devíamos ter vergonha.” Ocorria, no Japão, o maior crime de guerra cometido num só dia! Revivendo 1918 partiu-se para S. Francisco onde se modelava a nova PAZ Mundial.

Os dois vencedores da 2ª guerra repartem entre si os despojos. Os Impérios Coloniais Europeus têm os dias contados a partir de 1918 e assinam a sentença de morte em 1945. Russos e Americanos conseguiram dar ao mundo setenta e cinco anos de uma Paz Planetária, apenas interrompida quando eclodem umas tempestades locais sopradas de fora.

Os pressupostos geoestratégicos de 1945 mudaram muito, mas os dirigentes continuam a alimentar as opiniões públicas com a propaganda que melhor enaltece as suas causas. Nos seis anos de 1939/45 ocorreu a morte de um milhão de franceses e ingleses, contrapostos aos 20 ou 30 milhões de russos e chineses. Esta carnificina devia estar na nossa memória – simples cidadãos que apenas pretendem viver – para pressionarmos os dirigentes políticos a entenderem que a Paz é desejo de todos os SERES HUMANOS. Homens unidos far-se-ão ouvir pelos dirigentes!

Polacos e Húngaros, vítimas de várias guerras no seu território, em setenta anos esqueceram as duras realidades. Tendo a 2ª Guerra dimensão Planetária e para que se lembrem, urge vacinar as populações. Acho isto possível. Em Okinawa, território martirizado para que os USA conseguissem derrotar o Japão, o município, com a colaboração de sobreviventes e de um criador de aromas, reproduziu o horrível fedor que invadia um hospital subterrâneo da Marinha Imperial Japonesa. O cheiro pestilento misturava sangue, suor e excrementos. Distribuída a “vacina” por todos os Homens, talvez déssemos um bom contributo para a Paz que anda muito ameaçada. Ao matraquearem-nos, com propaganda anti-algum-outro-Ser-Humano, em nome dos milhões sacrificados, a “vacina” levar-nos-ia a dizer: não obrigado, têm direito a viver como eu.

O arsenal bélico ao dispor dos Estadistas leva-nos a desejar que, de uma vez por todas, se entendam antes de eclodir nova tragédia. Comecei dizendo que o recurso à força é o caso extremo. Felizmente fica-nos a sensação de que o PAPA, interpretando a vontade dos descendentes do bíblico “Abel”, tomou-lhes as causas, usando com mestria os canais diplomáticos. O silêncio glaciar com que, os descendentes de “Caim” brindaram JORGE BERGOGLIO na sua intervenção, atestam-no.