Diocese retira-se do Jornal da Madeira no ano que vem

A Diocese do Funchal revelou hoje, num comunicado enviado à nossa Redacção, que vai desvincular-se do Jornal da Madeira antes de Maio do ano que vem. A informação vem assinada pelo cónego José Fiel de Sousa e informa que “não se sente vocacionada nem tem condições para assumir, na sua totalidade, os encargos de uma empresa como o JM”, pelo que terminará a sua participação naquela empresa, cedendo a quota ao sócio maioritário, ou seja, ao Governo Regional.

“Desde 1932 que a Diocese do Funchal considerou importante a existência de um órgão de comunicação social escrito, fiel aos princípios e valores da Igreja católica. O Jornal da Madeira foi ao longo dos anos resultado do empenho e do esforço de muitos católicos madeirenses e os sucessivos bispos da Madeira, com a colaboração da comunidade em geral, tentaram de diversas formas assegurar a sua existência”, reza o comunicado enviado pela Igreja Católica madeirense.

“Com esse objectivo”, prossegue, “constituiu-se, há cerca de trinta anos, uma sociedade comercial mista com uma forte participação pública regional que garantiu a edição do jornal com um conjunto de princípios editoriais fiéis aos valores da Igreja Católica e que assegurou um espaço escrito de difusão e informação desta Diocese”.

jornal da madeira

“A Diocese do Funchal, com uma participação muito pequena nessa sociedade, acompanha a intenção de privatização da quota que a Região Autónoma da Madeira tem na empresa que edita o Jornal da Madeira, porque sabe dos encargos muito significativos incomportáveis numa época de especiais exigências financeiras e de relevantes carências sociais. O apoio da Igreja madeirense a essa decisão comporta um processo transitório de cooperação e de concertação nesse objectivo”, prossegue o comunicado.

A Diocese do Funchal acrescenta que tem consciência que, face ao egime jurídico existente, a privatização de parte da empresa Jornal da Madeira, Lda., no respeito pelos princípios públicos da transparência e da igualdade, “implica a reformulação dos princípios editoriais e do projecto que nortearam até então a edição do Jornal da Madeira, que assumirá um perfil concorrencial e comercial”. Ora, a Diocese “não se sente vocacionada nem tem  condições para assumir, na sua totalidade, uma empresa com os encargos da Empresa Jornal da Madeira. A fidelidade aos valores que norteiam a Diocese não se compatibiliza com um projecto necessariamente comercial que resultará da privatização. A alienação da propriedade da empresa deve propiciar ao futuro adquirente a liberdade editorial que eventualmente, nas actuais condições editoriais, poderia não sentir”. Neste sentido, prossegue o comunicado divulgado pela Igreja, “foi assente entre as partes que, até final de Maio de 2016, terminará a participação diocesana naquela empresa, com a cedência da sua quota ao sócio maioritário, desonerando das condições acordadas na década de oitenta e reservando para si o título original de Jornal da Madeira e do suplemento semanal Pedras Vivas.

Equacionar-se-á uma forma mais adequada aos tempos de hoje de concretizar o propósito de manter um projecto de comunicação social na Madeira, fiel aos valores da Igreja e difusor da mensagem evangélica”.