Festa do Corpo de Deus

padre-marcosCelebramos hoje a Festa do Corpo de Deus. A Igreja reúne-se para adorar, louvar e agradecer publicamente o Senhor pelo dom da Sua presença no meio de nós, pelo dom da Eucaristia. É um dia de gratidão porque experimentamos que não caminhamos sós, mas somos Igreja chamada e convocada por Deus para ser no mundo sinal da sua presença; presença que nos torna melhores e só assim somos também capazes de tornar este nosso mundo um lugar melhor.

Iremos celebrar a nossa fé numa das Praças mais bonitas da nossa cidade e mostraremos visivelmente e exteriormente que a fé não é algo de privado ou escondido mas luz que deve iluminar todas as realidades da nossa vida e ser o maior contributo que todos nós que nos alimentos de Cristo podemos oferecer à construção da nossa cidade. Há nesta festa um exteriorizar do que acontece todos os dias no silêncio e discrição de todas as nossas igrejas dispersas pelo mundo inteiro que é muito importante para percebermos a nossa missão: todos nós cristãos, toda a Igreja tem algo de muito importante a dar e a levar para a construção da cidade e da sociedade – dar Deus aos homens e colocar Deus nas realidades que tocamos. Nos outros dias não seremos tão visíveis, mas seremos certamente sustento, fermento e presença que dá sentido e informa as realidades segundo os sentimentos de Deus.

Seremos muitos, de muitas paróquias, de grupos e movimentos, confrarias, meninos e meninas da primeira comunhão, saloias das visitas do Espírito Santo, consagrados e leigos, sacerdotes, à volta do nosso Bispo, à volta do altar, em Cristo. É a festa da Igreja Diocesana, da unidade e da alegria. De uma Igreja que caminha e aprende a dar Cristo nos seus gestos de caridade, na celebração dos sacramentos e na Palavra anunciada e vivida.

E o Senhor permanece connosco, pão e vinho transformados no Seu Corpo e Sangue. Não se trata apenas de comer, mas de comungar. Não se trata de assimilar em nós o que comemos mas pelo contrário de ser assimilados e transformados naquele que comungamos, em Cristo. E os nossos gestos são cada vez mais os gestos de Cristo e as nossas palavras são cada vez mais palavras de Cristo em nós. E ao comungar respondemos “Ámen”, isto é, assim seja, sim, eu quero, eu acredito, eu quero que Tu Senhor entres na minha vida, eu aceito a tua vontade e acredito em Ti.

Sim quero. Quero amar como Tu amas, perdoar como Tu perdoas, viver como Tu vives.

No final da missa iremos sair em procissão do Largo do Colégio para a Sé e connosco vai Cristo, o Senhor. Só assim faz sentido tanta alegria e os belíssimos tapetes de flores com tanto amor e esmero construídos para que o Senhor percorra connosco as nossas ruas, as ruas da nossa vida. A sua passagem entre os negócios e casas e pelas estradas da nossa Cidade será para todos uma oferenda de alegria, de paz e de amor. Nós confiamos a nossa vida quotidiana à sua bondade. Assim afirmamos que jamais caminhamos sós, vamos com Cristo.

E diante da Sé terminaremos a caminhada de joelhos em adoração: Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-vos. Que gesto profundamente libertador. Quem se inclina a Jesus não se prostra diante  de nenhum falso ídolo ou poder humano ou vício e pecado.

Prostramo-nos diante de um Deus que foi o primeiro a inclinar-se diante do homem, como Bom Samaritano, para o socorrer e dar a vida. Adorar o Corpo de Cristo significa crer que ali, naquele pedaço de pão, está realmente Cristo, que dá sentido verdadeiro à vida, a toda a história humana. A adoração é a oração que prolonga a eucaristia na qual continuamos a alimentarmo-nos de amor, de verdade, de paz, de esperança, porque Aquele diante do qual nos prostramos não nos julga, não nos esmaga, mas liberta-nos e transforma-nos.

Padre Marcos Gonçalves