Teresa Gonçalves (texto e fotos)
Na paradisíaca Eira do Serrado, junto à Estalagem, há a típica beleza exuberante da paisagem mas também a crueldade das pessoas para com os animais. Que o diga o responsável pela Estalagem Eira do Serrado: “Muitas pessoas aproveitam para abandonar os animais nas nossas instalações, porque é um lugar isolado e não tem quase ninguém que os possa ver e denunciar. Espero que haja alguém que se preocupe mais com esta situação e, quem não pode ter os animais, que os leve à SPAD”. Um cenário para turista ver e registar.
Quando a reportagem do Funchal Notícias passou pela Eira do Serrado, estavam abandonados à sua sorte sete gatos. Não se consegue identificar os autores do abandono. Mas o cenário repete-se, assim como as reações:”mais um abandonado!”
Como seres vivos que são, precisam de se alimentar. Uma missão a cargo de quem por ali passa ou reside: “Os próprios turistas compram alimentos nas nossas instalações e nós também temos os restos das refeições e damos aos animais. Muitas vezes eles quando encontram a porta aberta num espaço junto à cozinha, vão lá e servem-se. Há também um gato, provavelmente o pai deles todos, que já foi visto ali junto ao túnel a caçar coelhos e trazer para aqui para alimentar estes que cá estão”.
Face a esta realidade, digna de terceiro mundo, o responsável pela Estalagem Eira do Serrado contacta quem de direito, por seu turno também a braços com problemas idênticos: “Chamamos constantemente a SPAD e eles enviam os bombeiros para irem buscar os animais, a Câmara do Funchal. Eles não têm mãos a medir, em toda a parte vemos animais abandonados principalmente nas zonas mais elevadas. É triste”.
Um animal abandonado é um animal que se reproduz e as consequências podem ser nefastas para todos. “Os animais ficam ao frio e ao relento, sem alimentação, sem cuidados. Eles acabam por se reproduzir. Eu vivo em Santo António e a Junta de Freguesia promoveu uma campanha para esterilização dos animais. A minha filha foi lá com uma cadela, que temos lá em casa, que uma amiga encontrou e nos ofereceu. Na Junta de Freguesia disseram-nos que o animal ainda era muito jovem para ser esterilizado”.
Curioso é verificar que os próprios animais, espertos como são, fogem da “prisão” que pode constituir os canis da SPAD. “Eles já conhecem os carros da Câmara, já conhecem o uniforme, aquela risca amarela que é um pedacinho chocante, e fogem. Então, nós agarramos numa gaiola e, quando eles vêm comer, levamo-los à SPAD. Nunca deixam de receber os animais. É claro, dizem sempre que estão cheios e que era bom que nós encontrássemos uma casa de família para os deixar e que olhassem por eles. Por acaso, nestes dias veio no Diário que uma pessoa adotou um animal e um mês depois voltou a abandonar e descobriram pelo chip”.
Os visitantes da Eira do Serrado também adotam estes seres vivos. Segundo o seu proprietário, madeirenses e turistas colaboram nesta causa:”Há dias, uma senhora alemã que vive na Calheta, deve ter mais de vinte. Já passei na Ponta do Pargo e vi a senhora num restaurante e via-a com um cão; ela daqui levou foi cães. As guias de turismo também têm levado, a nossa contabilista também veio aqui fazer a sua visita uma vez por mês à nossa empresa e ela gostou tanto de um cão que disse: não, eu vou levaá-lo!. Ela contou-me a história: Já o levei. Fui à SPAD para levar as injeções e agora está num hotel, diz ela”.
A terminar, o nosso interlocutor faz um apelo à população: “O ser humano tem de ser mais responsável na sua relação com os animais. Mais uma vez digo: não custa nada, em vez de abandoná-los, levá-los à SPAD, chamar os bombeiros e eles vêm buscá-los. A Câmara Municipal do Funchal disponibiliza meios suficientes para receber os animais e encaminhá-los à SPAD”.