Na Galeria Anjos Teixeira, na Rua João de Deus nº 14, no Funchal, às 19 horas da próxima quinta-feira, 27 de Novembro, terá lugar uma conferência proferida pelo prof. Vítor Sardinha intitulada “RAJÃO – Contexto histórico, identidade local e reinvenção do instrumento”.
Esta conferência realiza-se no meio da Exposição “Pinceladas Madeirenses” que está patente na Galeria Anjos Teixeira, de Paula Figueira da Silva, constituindo uma proposta de diálogo sobre raízes da cultura e da identidade local, que se cruza com aquela pintura recriadora de lugares identitários da paisagem e da natureza na Ilha da Madeira.
A conferência de Vítor Sardinha abordará a actividade profissional de três mestres madeirenses a trabalhar em Honolulu, capital das Ilhas do Havaí, a partir de 1879: Manuel Nunes, Augusto Dias e José do Espírito Santo, os protagonistas da deslocalização da indústria de violaria da Madeira, para aquelas ilhas no Pacífico.
Coube a Manuel Nunes e Augusto Dias os papéis principais, na definição de um novo cordofone, resultado direto de dois instrumentos da tradição musical madeirense: O Rajão e o Braguinha.
Vítor Sardinha fundamentará como o “Ukulele”, o Instrumento nacional do Havaí, incorporou no seu processo de construção artesanal, as técnicas, ferramentas e nomenclaturas, para todas as suas fases bem como as peças necessárias, tal e qual os instrumentos construídos na Madeira.
Nesta sua conferência, Vítor Sardinha demonstrará como os mestres insulares replicaram no outro lado do mundo a sua cultura e tradição. Com as suas mãos e mestria, na arte fina de trabalhar a madeira, os mestres madeirenses contribuíram não só para a construção do mencionado “Ukulele” como ainda, no caso de Manuel Nunes e do seu filho Leonardo Nunes, inovaram noutros instrumentos de (corda dupla) ou na Steel Guitar, mais popularmente designada por “Guitarra Havaiana”.
O conferencista apresentará na Galeria Anjos Teixeira os contributos dos músicos July Paka, Ernest Kaai e Bill Tapia, cujos instrumentos foram construídos por Manuel Nunes e Augusto Dias, que foram importantes na divulgação do nome dos mestres madeirenses fora do Havaí. Nos espectáculos por onde andaram, em cidades americanas, referiram-se a Manuel Nunes ou a Augusto Dias, enquanto mestres violeiros estabelecidos no Havaí. Também Leonardo Nunes, um dos filhos de Manuel Nunes, que se mudou do Havaí para Los Angeles em 1913, levaria o nome da família, bem como a qualidade dos seus instrumentos. A grande metrópole americana conhecia os designados «Ukuleles Originais com Garantia», certificados através da marca de instrumentos registada como “M. Nunes & Sons”.
A entrada para esta conferência é gratuita e aberta a todas as pessoas interessadas em participar neste evento cultural promovido pela Galeria Anjos Teixeira.
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