“Said” sofreu AVC e está agora no Hospital Dr. Nélio Mendonça

*Com Rui Marote

É mais um episódio infeliz da triste história de um emigrante, não dos que enriquecem e ascendem a comendadores ou “conselheiros”, mas dos que, apesar dos bolsos vazios, a saudade impele, ao fim de muitos anos, de regresso à sua terra sem nada que lhes valha. O “Said”, cuja história o FN já contou, teve um AVC e está agora paralisado do lado esquerdo, sem poder falar nem mover-se, internado no Hospital Dr. Nélio Mendonça.

A sua história foi contada no artigo “Da África do Sul para a Sopa do Cardoso”, publicada a 11 de Dezembro. [ver link https://funchalnoticias.net/2023/12/11/da-africa-do-sul-para-a-sopa-do-cardoso/#%5D

O antigo barman dos melhores hotéis de Joanesburgo, onde acolhia governantes e representações da Madeira, esperava ter determinadas condições facilitadas pelas entidades oficiais quando regressasse à Madeira. Acabou por ir temporariamente para a Associação dos Pobres, vulgo “Sopa do Cardoso”, e mais tarde deram-lhe um quarto que lhe desagradou e classificou como “um sótão” onde se sentia oprimido e claustrofóbico. Desalentado, acabou por ingerir medicamentos em excesso, procurando pôr termo à vida. Foi internado na Casa de Saúde S. João de Deus (Trapiche).

A história contada pelo FN motivou um esclarecimento da Direcção Regional das Comunidades, que publicámos a 13 de Dezembro [ver link https://funchalnoticias.net/2023/12/13/rui-abreu-esclarece-da-africa-do-sul-para-a-sopa-do-cardoso/

O FN deu sequência ao assunto, voltando a publicar o conteúdo de uma nova conversa com o “Said” a 14 de Dezembro (ver link https://funchalnoticias.net/2023/12/14/a-triste-historia-do-said-e-os-esclarecimentos-oficiais/).

Agora fomos surpreendidos pela infeliz notícia de que o “Said”, como lhe chamamos em pseudónimo, sofreu, aos 76 anos, um Acidente Vascular Cerebral que o incapacitou, paralisando-o do lado esquerdo e atirando-o para uma cama de hospital. É o corolário de um percurso de emigração, como muitos, feito às avessas, do melhor para o pior. Não gozará de uma boa ceia de Natal nem apreciará o fogo do fim-do-ano. É um lembrete de que a história da emigração madeirense não é globalmente feita de riquezas, sucessos e honrarias. Muitos ficam pelo caminho e o regresso à terra que o viu nascer é árido e desolado.