Mostra “No Feminino” prolongada até 30 de novembro

A exposição “No Feminino – Navetas, agulhas e afins”, patente na Sala de exposições temporárias do Museu Etnográfico da Madeira, espaço tutelado pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura, através da Direção Regional da Cultura, foi prolongada e pode ser visitada até ao dia 30 de novembro.

A mostra revela a antiga tradição dos enxovais das noivas. Em todas as sociedades humanas existem ritos de passagem, alguns dos quais produzem mudanças significativas na vida familiar, nomeadamente o batismo, o casamento e a morte, comemorados, geralmente, com cerimónias especiais.

Apesar do crescente número de uniões livres, que pressupõem uma relação íntima de coabitação, o casamento é um vínculo conjugal, que se forma com o reconhecimento e bênção da Igreja (casamento religioso) e/ou do Estado (casamento civil).

Num passado recente, além do aspeto físico e da personalidade dos indivíduos, também o património familiar, a idade, a reputação e os dotes domésticos, eram fatores determinantes para um futuro casamento.

Durante o noivado, o rapaz trabalhava para construir ou adquirir a casa, na qual habitariam, a noiva bordava o enxoval e o pai da noiva era responsável pelo dote da filha.

Os conceitos de enxoval e dote, embora estejam associados, têm significados diferentes. O enxoval consistia num conjunto de artigos de vestuário, decorativos e têxteis, para a cama, mesa e banho, que as jovens bordavam, para levar para o seu novo lar. Traduzia-se num rito de passagem, que transformava as meninas em mulheres casadas, as “donas da sua casa”. Já o dote consistia num conjunto de bens, na forma de dinheiro, imóveis ou móveis, que os pais ofereciam às filhas, na altura do casamento, costume este mais comum nas famílias abastadas.

No passado, a prática do enxoval era essencial para a realização do casamento e constituía um dos principais “objetivos de vida”, de muitas raparigas. Estes preparativos começavam com muita antecedência, na adolescência, ou após a entrada na fase do noivado.

Em tempos recuados, as peças que faziam parte do enxoval da noiva eram especiais. Decoradas com bordado Madeira e rendas, como as que estão expostas nesta exposição, constituíam um bem inestimável que, hoje enriquecem o nosso património cultural. Algumas eram usadas apenas no dia do casamento e em ocasiões importantes, pelo que se mantinham, em bom estado de conservação, passando de geração em geração, possuindo um grande valor afetivo e simbólico.

Saliente-se ainda que a ainda a peça criada pelo designer de moda madeirense Tiago Gonçalves, adquirida pela Direção Regional da Cultura, para integrar o acervo do Museu Etnográfico da Madeira e que foi integrada nesta exposição, um vestido concebido em vime, também continua em exposição no local.

Refira-se que o Museu Etnográfico da Madeira está localizado na Vila Ribeira Brava e está aberto ao público de terça a sábado (das 9h30 às 17h30 aos dias úteis e nos sábados das 10 às 12h30 e das 13h30 às 17h30).