Padre Noé e a solenidade de Nossa Senhora do Carmo: “Os madeirenses vivem muito a fé”

 

O Padre Noé, ao serviço dos Carmelitas na Madeira, salienta ao Funchal Notícias a importância da solenidade de Nossa Senhora do Carmo. Fotos FN

A festa em honra de Nossa Senhora do Carmo é uma solenidade que atrai muitos fiéis à Igreja do Carmo, no Funchal. As novenas em curso, que antecedem a festividade, são também motivo de grande afluência à Igreja, tanto mais que muitos residentes na baixa da cidade e de outras zonas da Madeira expressam grande devoção à Senhora do Carmelo, cuja festa se assinala a 16 de julho.

Discretos mas dinâmicos, sempre ao serviço de toda a população, os sacerdotes do Carmo estão em festa porque prestam homenagem à  sua “Mãe” e de todos os cristãos, a Senhora do Carmo. Por isso, junto ao altar, a imagem de destaque de Nossa Senhora do Carmo e do emblemático escapulário onde tantos peregrinos oram e pedem a sua intercessão.

«Nossa Senhora é a perfeita discípula de Jesus Cristo, nós pomo-la com modelo do seguimento de Jesus, na escuta da palavra, no fazer a vontade de Deus, como ela disse “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua vontade” e, principalmente, nos três votos que os Carmelitas vivem, comum para todos os religiosos, castidade, pobreza e obediência.». É desta forma que o padre Noé, ao serviço dos Carmelitas no Funchal, se refere a Nossa Senhora do Carmo, evidenciando a sua importância e, consequentemente, o simbolismo desta festividade religiosa.

«Nós, os Carmelitas, honramos a Virgem Nossa Senhora como modelo. Modelo, protetora, intercessora e, também como mãe e irmã», conta o frade Noé.

Nestes dias «todos nós que trazemos o escapulário, preparamo-nos para esta Festa. São 9 dias de preparação e tem tido muita gente, muitas pessoas a participar. Nós, aqui, no Funchal,  temos o ramo dos padres e também a ordem secular, os irmãos seculares (homens e mulheres que também recebem o escapulário de Nossa Senhora do Carmo) e os fiéis», revelou o nosso interlocutor referindo-se à adesão dos fiéis às novenas que antecedem a festa.

Segundo o frade, a missão dos Carmelitas passa pela «oração, a contemplação em vida orante, a vida comunitária e a apostólica. Nós somos frades, vivemos nos conventos, rezamos as horas litúrgicas, missas nos conventos, as missas concelebradas, e depois não nos fechamos a nós próprios, mas aceitamos também outros tipos de ação pastoral. Ajudamos os párocos, as nossas irmãs Carmelitas de clausura e os nossos irmãos seculares. Privilegiamos muito a espiritualidade e o atendimento espiritual (confissões de terça a sábado).»

A Devoção à Senhora do Carmo mobiliza muitos fiéis.

Sobre as dificuldades que a Ordem dos Carmelitas enfrenta, o frade Noé aponta que «aqui, na Madeira, não vejo muitas dificuldades porque os madeirenses vivem muito a fé, são muito praticantes, têm muita devoção. Não só aqui na Igreja do Cramo, mas também nas paróquias, os padres divulgam muito a espiritualidade, a devoção ao escapulário, a proteção de Nossa Senhora que, aqui, na Madeira, chamam os Bentinhos, um termo que eu não conhecia. É a proteção maternal da Virgem Nossa Senhora do Carmo.»

Com o intuito de aproximar os cristãos da Igreja e, consequentemente, de Deus, o frade considera que «devemos falar Deus, sobretudo “da experiência com Deus, não daquilo que nós estudamos porque seria vazio”», até porque «os desafios de hoje são esta vivência de experiência profunda com Deus, a partir das devoções.»

O padre Noé lembrou uma exortação do Papa João Paulo II, na qual refere a existência de «duas devoções mais antigas na Igreja: o Escapulário e o Terço do Rosário, que são as evocações da proteção.», para dizer que «as pessoas quase não ligam muito a isso, globalmente. Não rezam em família, a eucaristia já não é muito participada. As pessoas não sentem verdadeiramente por onde Deus passa. Deus passa na palavra, na Bíblia, no anúncio da palavra, na eucaristia, quando celebramos o mistério da paixão, morte e ressurreição do seu filho Jesus Cristo, passa nos irmãos, nas pessoas. Deus passa também pelas devoções, pela oração principalmente, quem não reza não sente Deus», defendeu o sacerdote.