O mais penoso da governação de Calado na Câmara: dívida escondida e litígios com várias entidades da herança socialista

Pedro Calado refere que o seu executivo tem vindo a resolver os múltiplos litígios com entidades criados pela governação anterior. Fotos André Ferreira.

 

Quase um ano de trabalho como presidente da Câmara Municipal do Funchal, assim se somam os dias do novo Executivo social-democrata, após a derrota de Miguel Gouveia. Pedro Calado deita-se relativamente cedo, acorda pelas 6 da manhã e não tem tempo a perder ao longo do dia, porque quer mudar a cidade que esteve em suspenso, na sua opinião, durante o ciclo político anterior. Por feitio e estilo, não perde tempo em cafés e almoça em 45 minutos. A máquina da cidade tem de andar e os funchalenses têm que notar o salto qualitativo.

A um mês e pouco do Dia da Cidade, e em entrevista ao Funchal Notícias, Pedro Calado identifica como “o momento mais gratificante” deste seu consulado na CMF, o dia em que tomou posse à frente da autarquia da cidade. “Depois de ter estado aqui 8 anos, entre 2005-2013 e ter conhecido bem a realidade do Funchal, não foi fácil tomar a decisão de sair do governo e vir para a Câmara. Tomámos essa decisão difícil pela consciência que tínhamos da estagnação da cidade e o sentimento negativo que dominava a sociedade madeirense. O resultado eleitoral e a entrada na Câmara foram os momentos mais gratificantes. E não foi apenas pelo Pedro Calado que ganhou só as eleições. Senti que houve um sentimento de revolta das pessoas porque durante 8 anos se criaram expetativas completamente falsas e as pessoas queriam mesmo mudança, ou seja, queriam uma equipa mais dinâmica e realista”.

Por outro lado, no contexto político atual, em que as maiorias são cada vez mais difíceis e a tendência é para coligações, arriscar tudo para a Câmara e ganhar com maioria absoluta,  foi um momento de glória, não só pelo nosso trabalho mas também pela expetativa da população. “Senti que as pessoas acreditaram. A partir daí, a nossa responsabilidade é acrescida. As coisas não aparecem só de boca. É preciso pôr no terreno e estar no terreno todos os dias. É isso que fazemos desde o primeiro dia em que entrámos. Toda a equipa trabalha muito coesa para resolver os muitos problemas que fomos encontrando”.

Os espinhos: dívida escondida

O regresso ao poder autárquico tem esbarrado com os espinhos. Falando em problemas, o presidente isola já o lado mais penoso do seu executivo: “Temos sentido que tudo aquilo que estávamos preparados encontrar como problemas, o que encontrámos foi duas a três vezes mais grave do que pensávamos, nomeadamente a situação financeira do município. Quando apregoavam que reduziram a dívida, reduziram porque a esconderam; assim, dívida escondida e problemas com a AREAM e com as contas do município do Funchal. É gravíssimo o que está em cima de nós; há um litígio constante com muitas entidades; há problemas e processos em litígio que nunca imaginámos; há, pois, um caminho longo a fazer; agora estamos aqui para resolver e encontrar soluções”.

O presidente quer corresponder às expetativas da população do Funchal e já está a mudar a dinâmica de investimento da cidade.

Ultimamente, a CMF tem sido criticada por alguns setores de opinião por estar a corrigir a obra da ciclovia, na Estrada Monumental. O presidente explica: “Claro que não nos dá prazer desmanchar obra que estava feita, mas foi um compromisso nosso com a população. Vimos o quão incoerente estava a ser aquela obra; não dá prazer pegar em 150 mil euros para rebentar algo construído, não faz parte da nossa maneira de ser e estar. Agora, toda a gente percebeu que foi um erro crasso o que foi feito em cima da ponte do Ribeiro Seco. Estamos a resolver. Quero dizer que estamos a tentar resolver problemas e ao mesmo tempo estamos a trabalhar para apresentar novos projetos e soluções . Uma das prioridades era o Departamento de Ambiente e Salubridade, porque a cidade estava muito suja, abandonada… tivemos o cuidado de melhorar os jardins, criando um bom ambiente para esta vaga de turismo que estamos a ter, é um bom cartão de visita; sensibilizar as instituições para as muitas pessoas que temos encontrado na rua a dormir, para onde possam ser dirigidas e acolhidas; estamos a reforçar muitos apoios sociais; agora preparamos um aumento de 30% nos manuais escolares a dar à população; estamos a reforçar os apoios às entidades sociais, IPSS e também entidades desportivas; estamos a promover muitos eventos para o centro do Funchal e apoio ao comércio; abrimos, ainda, linhas de apoio aos comerciantes para retomarem os negócios que tinham fechado durante a pandemia”.