Quase um ano de trabalho como presidente da Câmara Municipal do Funchal, assim se somam os dias do novo Executivo social-democrata, após a derrota de Miguel Gouveia. Pedro Calado deita-se relativamente cedo, acorda pelas 6 da manhã e não tem tempo a perder ao longo do dia, porque quer mudar a cidade que esteve em suspenso, na sua opinião, durante o ciclo político anterior. Por feitio e estilo, não perde tempo em cafés e almoça em 45 minutos. A máquina da cidade tem de andar e os funchalenses têm que notar o salto qualitativo.
A um mês e pouco do Dia da Cidade, e em entrevista ao Funchal Notícias, Pedro Calado identifica como “o momento mais gratificante” deste seu consulado na CMF, o dia em que tomou posse à frente da autarquia da cidade. “Depois de ter estado aqui 8 anos, entre 2005-2013 e ter conhecido bem a realidade do Funchal, não foi fácil tomar a decisão de sair do governo e vir para a Câmara. Tomámos essa decisão difícil pela consciência que tínhamos da estagnação da cidade e o sentimento negativo que dominava a sociedade madeirense. O resultado eleitoral e a entrada na Câmara foram os momentos mais gratificantes. E não foi apenas pelo Pedro Calado que ganhou só as eleições. Senti que houve um sentimento de revolta das pessoas porque durante 8 anos se criaram expetativas completamente falsas e as pessoas queriam mesmo mudança, ou seja, queriam uma equipa mais dinâmica e realista”.
Por outro lado, no contexto político atual, em que as maiorias são cada vez mais difíceis e a tendência é para coligações, arriscar tudo para a Câmara e ganhar com maioria absoluta, foi um momento de glória, não só pelo nosso trabalho mas também pela expetativa da população. “Senti que as pessoas acreditaram. A partir daí, a nossa responsabilidade é acrescida. As coisas não aparecem só de boca. É preciso pôr no terreno e estar no terreno todos os dias. É isso que fazemos desde o primeiro dia em que entrámos. Toda a equipa trabalha muito coesa para resolver os muitos problemas que fomos encontrando”.
Os espinhos: dívida escondida
O regresso ao poder autárquico tem esbarrado com os espinhos. Falando em problemas, o presidente isola já o lado mais penoso do seu executivo: “Temos sentido que tudo aquilo que estávamos preparados encontrar como problemas, o que encontrámos foi duas a três vezes mais grave do que pensávamos, nomeadamente a situação financeira do município. Quando apregoavam que reduziram a dívida, reduziram porque a esconderam; assim, dívida escondida e problemas com a AREAM e com as contas do município do Funchal. É gravíssimo o que está em cima de nós; há um litígio constante com muitas entidades; há problemas e processos em litígio que nunca imaginámos; há, pois, um caminho longo a fazer; agora estamos aqui para resolver e encontrar soluções”.
Ultimamente, a CMF tem sido criticada por alguns setores de opinião por estar a corrigir a obra da ciclovia, na Estrada Monumental. O presidente explica: “Claro que não nos dá prazer desmanchar obra que estava feita, mas foi um compromisso nosso com a população. Vimos o quão incoerente estava a ser aquela obra; não dá prazer pegar em 150 mil euros para rebentar algo construído, não faz parte da nossa maneira de ser e estar. Agora, toda a gente percebeu que foi um erro crasso o que foi feito em cima da ponte do Ribeiro Seco. Estamos a resolver. Quero dizer que estamos a tentar resolver problemas e ao mesmo tempo estamos a trabalhar para apresentar novos projetos e soluções . Uma das prioridades era o Departamento de Ambiente e Salubridade, porque a cidade estava muito suja, abandonada… tivemos o cuidado de melhorar os jardins, criando um bom ambiente para esta vaga de turismo que estamos a ter, é um bom cartão de visita; sensibilizar as instituições para as muitas pessoas que temos encontrado na rua a dormir, para onde possam ser dirigidas e acolhidas; estamos a reforçar muitos apoios sociais; agora preparamos um aumento de 30% nos manuais escolares a dar à população; estamos a reforçar os apoios às entidades sociais, IPSS e também entidades desportivas; estamos a promover muitos eventos para o centro do Funchal e apoio ao comércio; abrimos, ainda, linhas de apoio aos comerciantes para retomarem os negócios que tinham fechado durante a pandemia”.