O ambiente era hoje à noite de desolação na sede da candidatura da Coligação Confiança, mas mesmo assim, quando Miguel Gouveia lá chegou, foi recebido com palmas e abraços pelos militantes e elementos da sua equipa que lá se encontravam. Houve lugar a manifestações de carinho e sorrisos fugidios, mas o próprio Miguel Gouveia não temeu em assumir-se triste pelo facto de os funchalenses não terem acreditado no seu projecto.
Num discurso na sede que foi “assombrada” pelas imagens de Pedro Calado e de Miguel Albuquerque que iam aparecendo nos telejornais que surgiam num grande écran ali instalado, Miguel Silva Gouveia começou por saudar os vencedores, endereçando a Pedro Calado e à equipa do Funchal Sempre à Frente um abraço e as suas congratulações, pela vitória.
Procurando contrair os habituais discursos políticos em que só há vencedores, Gouveia marcou a diferença por assumir claramente a derrota: “Venceram inequivocamente na cidade do Funchal”, disse.

Aproveitou para saudar, do mesmo modo, todos os que acreditaram no seu projecto e todos os membros das suas equipas “pelo trabalho inexcedível” que entregaram ao Funchal.
“Fizemos uma campanha que muito me orgulha”, asseverou, salientando que a mesma foi digna, responsável e com um projecto “sério, honesto e sustentável” para a urbe. Bastante aplaudido pelos seus correligionários, ouviam-se no entanto em fundo os foguetes que estalavam nos ares, comemorando a vitória dos seus adversários social-democratas.
Miguel Gouveia deixou ainda uma palavra de apreço aos seus colaboradores na CMF, “com quem tive o prazer e a honra de trabalhar nos últimos oito anos (…) Hoje o Funchal está melhor do que estava em 2013”, assegurou, dizendo ter aprendido muito nesse percurso.
“Estou certo de que deixamos um Funchal indubitavelmente melhor do que o encontrámos (…)”, salientou.
Assumindo que “perdemos praticamente todas as juntas de freguesia, a Assembleia Municipal e a Câmara Municipal”, Miguel Gouveia diz sair desta campanha “de cabeça erguida”, bem como os que o apoiaram, e afirmou que “continuaremos a trabalhar, onde quer que nos encontremos, em prol dos funchalenses”.
Aos partidos que integraram a Coligação Confiança e aos respectivos líderes, agradeceu especialmente e lamentou que “infelizmente os funchalenses não reconheceram” que este projecto seria merecedor.
“Nunca iremos permitir que o Funchal retorne a tempos de endividamento, de insustentabilidade, a qualquer tipo de desordenamento urbanístico”, garantiu, perante novos aplausos.
O candidato que até agora era presidente da CMF disse “estar triste” e disse que os resultados alcançados são, em termos de números, sensivelmente os mesmos de há quatro anos, mas reconheceu que o opositor “obteve um resultado muito maior”, o que significa que os funchalenses “optaram por mudar”.

Não quis responder sobre se irá assumir um lugar de vereador na CMF: “A seu tempo iremos perceber qual a equipa que deverá fazer esse trabalho”. Sobre as próximas eleições regionais, não quis pronunciar-se sobre eventuais leituras a tirar em termos de estratégia, por parte dos socialistas e dos seus apoiantes.