11 anos após o fogo, Raimundo alerta: “Temos de ficar vigilantes e alertar a Proteção Civil ao mínimo sinal de fumo”

Fotos Raimundo Quintal.

O geógrafo Raimundo Quintal divulga um “post” nas redes sociais com o título “onze anos depois do fogo”. Uma alusão ao devastador incêndio em 2010 que destruiu grande parte do pulmão verde do Funchal. O FN reproduz a mensagem de Raimundo Quintal

“Na madrugada de 14 de Agosto de 2010 o fogo, ateado por um criminoso, destruiu cerca de 90% da vegetação do Parque Ecológico do Funchal e do Maciço Montanhoso Central da Ilha da Madeira.

Muito pouco escapou nas áreas plantadas pelos voluntários da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal na extremidade mais alta do Parque (1750 – 1800 metros de altitude) e na Achada Grande (1550 metros de altitude).

O Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha (1500- 1550 metros de altitude), propriedade da AAPEF com 5,4 ha, também ficou reduzido a cinzas. O fogo impelido pelo vento com velocidade superior a 100 km/hora atravessou aceiros, voou sobre a grande clareira e arrasou completamente a pequena casa da Associação.

As primeiras horas foram de enorme tristeza, de desânimo. Mas passados poucos dias, voltámos a subir até à serra e começámos a retirar os esqueletos calcinados de árvores e arbustos, colocando-os ao longo das curvas de nível com objectivo de minimizar a erosão nas primeiras chuvas e criar algum solo para reiniciar a plantação de espécies indígenas e endémicas.

Foi duro, por vezes doloroso, o trabalho nos primeiros meses depois da catástrofe.

Em Janeiro de 2011, ainda com muito por limpar, iniciámos as plantações. Daí para cá temos, persistentemente, ajudado os ecossistemas a recuperar a biodiversidade e beleza primitivas.

Onze anos depois da tragédia os resultados estão à vista nas áreas do Parque Ecológico que assumimos a responsabilidade de restaurar e no nosso Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha.

As previsões meteorológicas para os próximos dias – altas temperaturas, baixa humidade relativa e vento moderado – deixam-nos apreensivos, porque, infelizmente, continuam a existir criminosos à espreita de condições favoráveis para atear fogo e assistir sorrateiramente à destruição das florestas.

Temos de ficar vigilantes e ao mínimo sinal de fumo devemos alertar sem demoras a Proteção Civil.

Todos os madeirenses que amam a sua Ilha, independentemente das simpatias partidárias e dos credos religiosos, têm o dever de se unirem na defesa do nosso património natural.”