O “pequeninho” que chegou a grande

Rui Marote
O sonho do pai concretizou-se. Não era o primogénito mas o terceiro na hierarquia. Nasceu na cidade velha, na Rua de Santa Maria, junto ao Forte de São Tiago, e a uma centena de metros da Igreja do Socorro. A avó Benvinda, que vivia na mesma casa, tinha este neto como predilecto. Era ele que a acompanhava nas cerimónias dominicais e festivas da paróquia do Socorro. Chegou a frequentar o Seminário Menor, mas a saudade dos pais foi maior e levou à desistência.
Entre finais dos anos 70 e meados de 80 frequentou o Liceu Jaime Moniz. Nessa altura residia na Rua Bela de Santiago nº28. Os meus pais eram vizinhos, no º30. Colaborou no Jornal da Madeira em 1978, mais tarde na Estação Rádio da Madeira e na Anop, entrando anos depois para os quadros da RTP Madeira.
Pela mão do pai começou na política na juventude centrista e chegou a presidente.
Mas o pai já nessa altura determinou que o “pequeninho”, como era conhecido, chegaria a voos mais altos. Em 2000, 2004, 2007, 2011, 2015 e 2010 foi deputado à Assembleia Legislativa Regional. Em 2009 foui deputado à Assembleia da República, e nas eleições antecipadas de Junho de 2011. Vice-Presidente do grupo parlamentar do CDS, votou contra o plano de ajustamento financeiro em 2012. Em 2013 foi eleito vereador da Câmara Municipal do Funchal.
A 15 de Outubro de 2019 é eleito Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira. Raul Pelágio Rodrigues (pai) já não pertence ao mundo dos vivos, mas está certamente feliz: a promessa cumpriu-se e o “pequeninho” tornou-se grande.
Aqui está a história de um jovem que abraçou a política e que deixa chancela pela golfada de ar fresco no Parlamento Regional, transformando a casa da democracia da RAM, não se limitando a promulgar leis mas escutando a voz do povo.
Este líder sabe que já perdeu a guerra do partido que abraçou. Os actuais responsáveis do CDS estão moribundos no campo da batalha. Faltam poucos meses para deitarem a bandeira ao chão.
Ao som do clarim, os sobreviventes vão fugir em retirada. Alguns vão pedir asilo político e vestir outra capa na busca de privilégios.
Resta ao antigo pequenino convocar à reserva aqueles que não serviam para descascar “semilhas”
do exército dizimado.
Ficamos a aguardar pelo toque de detidos e doentes para pôr fim a esta batalha do “Armaggedon”. Assim Seja.