Rui Marote
Estepilha, o “Natal” já chegou ao Palácio de São Lourenço, mas o menino Jesus é outro. Vamos à historieta de hoje: tinha cinco anos e a minha avó 83. Recordo todos os Natais a azáfama na cozinha da rua de Santa Maria, 123. Os madeirenses deixavam todas as limpezas gerais e pinturas para essa quadra e era sempre na última semana que se fazia tudo.
Recordo o caiador, de brocha na mão, com um balde da cal, caiando as paredes, sempre controlado pela matriarca: – “Vai ter que dar mais uma “mãozinha”, a parede “cuspiu”. Seguiam -se os armários, com tinta de lustro, e a limpeza nas costas dos móveis que estavam encostados às paredes. Era tudo passado a pente fino.

As coisas entretanto parece que mudaram: não é necessário deixar para a época natalícia estas tarefas.
Hoje o Palácio, aquele que “é meu, teu e nosso”, para lembrar uma antiga campanha, embora estejamos a seis meses do nascimento do Messias, estava numa azáfama exterior e interior, mas para chegada de outro menino Jesus, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
As fotos são elucidativas: lava-se a cara de um lado, e deixa-se parte do corpo por lavar. Muita coisa será concluída noutra época.
Já as luzes do salão nobre e de outras salas foram substituídas, todas lâmpadas queimadas renovadas. “Haja luz”. Os “Filipes” quando construíram o “é meu é teu é nosso”, os candeeiros eram poucos, e ainda o são hoje, ao contrário do Palácio do Parlamento de Bucareste, construído pelo ditador comunista Nicolae Ceausescu, que tem 1409 luzes de tecto. Estepilha, o orçamento “magrinho” do Representante da República esgotava-se num abrir e fechar de olhos, se tivesse de proceder a tantas limpezas e renovações de lâmpadas para acolher o ilustre convidado…