Alberto João Jardim torna-se romancista

O antigo presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, resolveu agora enveredar pela carreira de romancista e publicará em breve (no dia 7 de Junho, ao que apurámos) um livro intitulado “A Senhora e a Ilha”. Com a chancela da “Casa das Letras”, tem 272 páginas e promete ser “um romance sobre o futuro da Madeira”.

O FN sabe que, no próximo dia 31, Alberto João Jardim, que enquanto presidente do GR muito criticou o cargo de Representante da República, vai ser recebido por Ireneu Cabral Barreto precisamente para lhe falar deste novo livro. Pelo menos, é assim que consta no site oficial do Representante: que o mesmo receberá, no dia citado, “no Palácio de São Lourenço, pelas 15h, o autor do livro “A Senhora e a Ilha”, Dr. Alberto João Jardim”.

Uma sinopse já está disponível no site da wook, de divulgação literária, pelo que já é possível apreciar o estilo:

«Subitamente, a chuva parou em absoluto. Como normalmente, adivinhavam-se alguns momentos de estio. Abertas estrinçavam o mar de nuvens em muitos farrapos, desta forma súbita permitindo ainda quase distinguir pro­longadamente os fundos dos abismos enormes, ainda que já negros ao avistar de cima.
Maria Inês olhou fascinada, perdendo a conta do isola­mento em que estava, sob o impacto do belo. Algo calmo invadira-lhe a alma e possuía-a. Um ruído estranho vinha agora da profundeza das mon­tanhas. É o vento… mas com um som que nunca lhe ouvi, pensou ela, já em murmúrio consigo própria. Só que o barulho aumentava sem se tornar estrondo. Maria Inês surpreendeu-se por desta vez não sentir medo de qualquer espécie. Dir-se-ia com o espírito sossegado, voluntariamente entregue ao que viesse. “Maria Inês!”, pareceu-lhe ouvir chamar. Só me faltava, agora, estar a imaginar coisas, disse para consigo. Mas sempre extraordinariamente calma, como quem tem cer­teza de que o Bem advirá.

“Maria Inês!”, soprou forte, mais perceptível, a voz emer­gente do fundo dos grandes rochedos.
– Não acredito! – exclamou ela. Porém, sem qualquer receio a intimidá-la. Só curiosidade forte e calma.
“Maria Inês, eu sou a Ilha que te fala, em ti escolhi desaba­far o que penso para o futuro, visto seres uma alma só. Como a minha. Alma para um pensar sério. Até porque somos ambas marcadas por ansiedades mescladas com vontade e convicções firmes, tendo marcas deixadas pelo tempo.”»