Miguel Gouveia enaltece valores de Abril e avisa para populismos

O presidente da CMF, Miguel Silva Gouveia, que está a cumprir isolamento profilático, discursou hoje via vídeo numa cerimónia oficial de comemoração do 47º aniversário da Revolução dos Cravos. Todas as forças políticas representadas na Assembleia Municipal estiveram presentes, bem como o orador convidado pela autarquia este ano, o escultor Francisco Simões.

O edil elogiou a Revolução “que trouxe a Liberdade e a Democracia ao nosso país”, recordando que,  no ano passado, em pleno estado de emergência com confinamento geral, “foi impossível realizar uma sessão solene presencial, interrompendo-se uma prática que o Município introduziu em 2014, quando passámos a comemorar a Revolução no Funchal com uma cerimónia oficial, pela primeira vez ao fim de 40 anos.”

“Apesar de, infelizmente, ainda não termos conseguido ultrapassar a crise pandémica, não tivemos dúvidas de que, por tudo aquilo que já passámos, este ano tínhamos de voltar a realizar esta sessão solene, ou não fosse hoje mais importante do que nunca reavivar os valores de Abril, quando o aumento das desigualdades socioeconómicas e a descrença nas instituições públicas, abre portas a uma nova aurora de populismos, fertilizante natural para novos arremessos fascistas contra a Liberdade e a Democracia.”

“Nunca nos esqueçamos que foram as conquistas de Abril que nos forneceram os instrumentos necessários para enfrentar esta pandemia, com um Sistema Nacional de Saúde universal, e condições para manter os portugueses salvaguardados de maiores males pela rede de amparo social que Abril nos teceu. Quisemos voltar a realizar esta cerimónia nos moldes que a notabilizaram, porque é fundamental dar o exemplo”, referiu.

Num discurso em que defendeu “que a Revolução foi feita de oportunidades”, Miguel Silva Gouveia aludiu ao grande desígnio que é a candidatura do Funchal a Capital Europeia da Cultura, agradecendo a Francisco Simões a notável participação na sessão solene deste domingo, e considerou que “o 25 de Abril também foi feito de respeito.”

“Respeitamos Abril de muitas formas, por exemplo quando praticamos uma cidade que acredita numa vida digna para todos. Quando construímos uma cidade assente na empatia, na proximidade, na humildade, no progresso e no humanismo, sem deixar ninguém ficar para trás, ainda mais em tempos de pandemia. Quando consideramos que apoios à educação, à saúde, à habitação e à alimentação são uma prioridade. Quando tiramos peso das costas dos trabalhadores, dos empresários e das famílias, e a todos quantos precisem de ajuda para se recolocarem de pé e prosseguirem a sua luta”, afirmou.

“Respeitamos o 25 de Abril quando assumimos que a luta de um é a luta de todos, quando nos batemos categoricamente pelos direitos legítimos da população que servimos, contra tudo e contra todos, contra centralismos assumidos ou encapotados, contra agendas pessoais ou partidárias, e contra interesses privados que capturam a razão de ser da causa pública. Respeitamos o 25 de Abril quando governamos com sentido e gratidão por um país com liberdade, esperança e oportunidades iguais para todos (…)”.

Finalmente, defendeu, que “o 25 de Abril foi feito por gente como nós, para que gente como nós também pudesse sonhar. Em tempos como aqueles que vivemos, é apesar de tudo reconfortante pensar nisso. No meio de todas as dificuldades que a cidade, o país e o mundo têm vivido ao longo do último ano, é redentor pensar que, ainda assim, só continua a depender de nós, fazermos um pouco melhor todos os dias.”

Apelou, pois, a que “a celebração do 25 de Abril nestes tempos perigosos e desafiantes nos sirva a todos de inspiração. Que este dia continue a dar o mote para darmos a volta por cima, para largarmos as amarras de uma pandemia sombria, que não nos parece querer libertar, e para recentrarmos o rumo. No Funchal, os valores de Abril são um exemplo desde o dia em que o actual Executivo aqui chegou. Continuarão a sê-lo nos próximos anos, porque precisamos de seriedade, solidariedade e autonomia, mais do que nunca. Recordar também é um acto revolucionário e o Funchal de hoje não se esquece.”