Cónego “apavorado” coloca confessionário tipo “guarda-fatos” na Sé

Rui Marote
A jóia da coroa da ilha da Madeira é o templo manuelino (Sé) que nos deixou o “Venturoso” Rei D. Manuel I. A catedral tem sido ao longo das últimas décadas alvo de reconstruções, no telhado, cantarias exteriores, torre, pinturas, e no presente decorre a recuperação do tecto  e altares laterais.
Valorizar e manter o nosso património tem sido um trabalho árduo efectuado lentamente.
Recorde-se a polémica envolvida na aquisição de um órgão de grandes dimensões que ocupa grande espaço junto a um altar lateral, escondendo a grandiosidade das paredes do templo.
Hoje deparámos com uma nova peça de mobiliário: o novo confessionário, uma autêntica caixa de guarda-fatos que nada tem a ver com o que existe no templo.
Quando fotografávamos esta peça inusitada, uma voz baixinha diz-nos: “O padre está apavorado com o Covid”…
Por isso terá tomado medidas, encomendando uma autêntica caixa à prova do vírus!
Cristo e os apóstolos curavam os leprosos. Sem entrar em excessos de irresponsabilidade, que se saiba, a fé exige que se acredite em algo que não podemos ver, e que esperemos a sua intervenção positiva.
Jesus perguntou: “Por que estais com tanto medo? Ainda não tendes fé?” Os discípulos estavam apavorados e perguntavam uns aos outros: “Quem é este homem que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Marcos 4. 35-41)
Mas o medo está bem patente no horário do cartório de atendimento  com avisos afixados no portão de ferro: só por telefone 291 228 155 ou por email catedraldofunchal@gmail.com marcação de missas/baptismos/matrimónios.
Fica um reparo: os antigos funcionários, dois sacerdotes de idade avançada, cónego Pita e padre Simões, cumprem durante duas horas o atendimento de quem deseje se confessar, diariamente.