Padre católico José Luís Rodrigues lamenta “confusão confrangedora” sobre o tema da eutanásia

Numa altura em que grassa a confusão no debate sobre a eutanásia, com os círculos mais conservadores a levantarem o ai-jesus do “não matem os velhinhos!”, um sacerdote madeirense, o padre José Luís Rodrigues, tem uma visão singularmente esclarecida sobre a questão. Na sua página no facebook, considera mesmo que “o clericalismo português anda em pulgas por causa da eutanásia. O desentendimento é atroz. A confusão é confrangedora. A produção de falsidades brada aos céus”.

O sacerdote católico, nosso colaborador e conhecido pelas intervenções públicas e desempoeiradas em assuntos polémicos, considera que “(…) é hora de sermos claros e ter juízo. A votação a ser feita é sobre a “despenalização da eutanásia”. Não é a “aprovação do suicídio” e muitos menos a “despenalização do homicídio”.

E prossegue, incisivo: “As patéticas e ridículas batalhas sobre a contracepção e sobre o aborto deviam ter dado ensinamentos a muita gente, coisas que resultaram em guerras totalmente perdidas. A próxima derrota está aí à porta. Por isso, calemo-nos quanto ao que não se percebe nada (ou faz-se de conta para não perceber) e pregue-se o amor à vida, a força da racionalidade, a beleza da autonomia pessoal e o dom da liberdade. Tanto ruído só arrasta ódio e mais radicalismo. No fim, temos para todos a vontade da maioria contra à intransigência de uma minoria que preferiu banhar-se em águas turvas”. 

José Manuel Rodrigues comentou ainda hoje também a posição do bispo do Funchal, D. Nuno Brás, em entrevista ao JM, com o seguinte comentário: “Também me entristece que da Madeira se contribua ainda mais para a confusão. É pena…”. Uma observação feita sobre as declarações de D. Nuno Brás ao JM, que fazem o seguinte título de primeira página: “A eutanásia é mais barata do que os cuidados paliativos”.

No plano nacional, mais precisamente no semanário “Expresso”, o cardeal madeirense D. Tolentino Mendonça assumiu pelo seu lado, publicamente, uma posição contra a despenalização da eutanásia, invocando “o serviço incondicional do primado da vida”, e fazendo a apologia de suportar o sofrimento até ao fim.