“Há sempre opção de não cumprir acordos”, escreve o chefe de gabinete de Rui Barreto o secretário que está “agastado” com o que se passa na Saúde

A Saúde aparece como um primeiro “arrufo” no Governo de coligação entre CDS e PSD.

O secretário regional da Economia disse hoje, em declarações ao JM, esta “profundamente agastado” com o que se passa na Saúde da Região, reagindo a notícias dando conta de atrasos sucessivos em matéria de nomeações no SESARAM, bem como do incumprimento de acordos resultantes deste governo de coligação, que passavam pela indicação da médica Filomena Gonçalves para diretora clínica, o que motivou já reações contrárias da classe médica e dos diretores de serviço.

O DN revelava ter havido, ontem, uma votação não oficial, uma espécie de avaliação das sensibilidades por parte de Rafaela Fernandes, a presidente do conselho de administração do Serviço de Saúde, a propósito de alterações estatutárias, mas também colocando em cima da mesa um enquadramento que iria viabilizar a nomeação de Filomena Gonçalves, uma indicação do CDS que fazia parte das negociações do governo. Os diretores clínicos pronunciaram-se contra de forma claramente maioritária. Estava aberto novo problema no SESARAM, problema que efetivamente nunca tinha sido fechado.

Já esta tarde, Rui Barreto “escolhia” aquilo a que se supõe ser “um alerta à navegação”, mostrando-se agastado, divulgando que já falou com Albuquerque e que este prometeu tratar, pessoalmente, do assunto, situação que deixa no ar, também, uma realidade que eventualmente poderá causar incómodo no próprio secretário da tutela, que à luz das declarações de Barreto, surge um pouco como à margem da solução para este problema.

Entretanto, ilustrando a notícia do JM, o chefe de gabinete de Rui Barreto, Gonçalo Santos, veio a público, na rede social Facebook, lançar um outro alerta para quem quiser tirar ilações: “Há sempre opção de não cumprir acordos. Mas o incumprimento tem consequências. Há sempre a opção de cumprir. Nesse caso, estou certo de que os custos individuais são menores do que quando se ativa a primeira opção, sendo, paralelamente, os benfícios coletivos (muito) maiores”.

Refira-se que a Saúde tem sido, nos últimos dias, alvo de várias referências pouco abonatórias, relativamente à morte de uma criança de 8 anos, que está em processo de investigação, a extensas listas de espera, além das questões de composição da própria orgânica do SESARAM, cuja falta de celeridade nas soluções tem vindo a causar tensão entre os partidos da coligação, um enquadramento a que não está alheia a saída do médico Mário Pereira do Parlamento, uma figura que, no âmbito da atividade parlamentar e profissional, foi fortemente crítica do Serviço de Saúde em legislaturas anteriores.