OFITE repõe a peça “O Avarento”, a partir de Molière, nos dias 6 e 7

A OFITE | Oficina de Teatro do Centro Cívico do Estreito vai repor a peça de teatro “O Avarento” a partir de Molière, com direcção artística a cargo de Zé Abreu. O espectáculo, inserido no programa da Festa das Vindimas 2019, subirá ao palco, já esta semana, nos dias 6 e 7 às 20h00 e dia 8 às 18h00. A entrada é de acesso livre, pela ordem de chegada e mediante a lotação máxima do auditório.

A OFITE reconstrói o texto de Molière, de 1668, considerado a “comédia mais dura” deste autor francês. A avareza é o fio condutor de “uma peça extraordinária” onde o avarento apresenta-se como um pai que “não tem amor pelos filhos, apenas sente amor pelo dinheiro”. A história conta-nos que no século XVII, um viúvo muito rico, chamado Harpagão, vive numa mansão em ruínas, acompanhado por dois filhos Cleanto e Elisa. O avarento é homem obcecado por bens materiais e a sua cobiça chega até aos seus próprios filhos, obrigando-os a se casarem por conveniência a fim de aumentar a sua fortuna.

Ignorando os sentimentos de Elisa, que ama o humilde Valério, Harpagão prometeu a mão de sua filha a um homem com o dobro de sua idade. Algo semelhante é pensado para Cleanto, seu filho, que secretamente ama Mariana. O Senhor Harpagão é de todos os humanos o humano menos humano, pois desorganiza uma família inteira, conduzindo-os à mentira e à revolta.

Nesta 6.ª produção teatral da OFITE, estarão em cena 20 elementos: Ricardo Bonifácio, Isaura Pestana, Jéssica Câmara, Sérgio Santos, Filomena Abreu, Maria Abreu, Rodrigo Figueira, Fátima Vieira, Leonilde Nunes, Vanessa Câmara, Rosário Pestana, Bianca Silva, Beatriz Pacheco, Eduarda Sousa, Inês Soares, Idalina Brito, Victor Afonso, Ana Rita Luís, Rosalina Fernandes e Delfino Pinto.

Na operação de som estará Diogo Abreu e na Operação de Luz, António Freitas. A peça contou ainda com os trabalhos de costura elaborados por Fátima Ferreira e o design de Roberto Ramos. Já a produção executiva do espectáculo está sob a responsabilidade de Rui Pita, refere a organização.

Nesta proposta da OFITE, foi realizado um trabalho de adaptação teatral – sem causar desequilíbrios dramatúrgicos na peça – para dar, de certa forma, uma maior clareza ao texto e tornar dizível, contemporaneamente, algumas falas. Na verdade, três séculos e meio depois, da estreia desta peça, todos os seus arquétipos continuam a encontrar correspondência em algumas pessoas que conhecemos, vemos e ouvimos nos dias de hoje. Neste espectáculo, além de um sério divertimento, podemos rever na avareza de Harpagão a ganância de tantas pessoas que também temos na sociedade actual.

“O Avarento” é uma das comédias mais representadas e mais estudadas de Molière. O primeiro espectáculo teve lugar no Theatre du Palais Royal, em 1668 – com Molière a desempenhar o papel da personagem principal, Harpagão – e, a partir de 1880, a peça foi introduzida nos programas das escolas francesas.

A OFITE procurou um novo olhar artístico, uma nova vida para o texto original, onde “O Avarento” apresenta-se, como uma comédia singular, sombria, desconcertante e audaciosa.

Na verdade, mais do que dar lições, a temática da avareza, tratada nesta peça teatral, condiciona todos os outros temas (o amor, o casamento, a autoridade e a mentira).

Devido à especificidade do grupo, – assumido como uma Companhia Teatro e Comunidade – a peça exigiu algumas adaptações de falas, acrescento de cenas e um jogo cénico e de representação adequado aos intervenientes e ao palco. Pois é sempre possível interpretar uma história de diferentes maneiras. Procurou-se, sobretudo, criar uma linguagem que fale aos espectadores contemporâneos, sem nunca perder de vista matéria do texto original, refere a nota de imprensa.