Em pratos limpos

Isto quem anda à chuva molha-se, já dizia a minha prima Isaurinha.

Não será, pois, de estranhar que tenham caído uns chuviscos por estas bandas, por conta das críticas que teci à governação do governo da geringonça, na última crónica. Não uma bátega, chuviscos leves. O chamado molha-tolos.

Em abono da verdade, não ao que disse, mas à suspeita de estar a puxar a brasa à minha sardinha, usando subterfúgios para passar uma mensagem política. E dei por mim a pensar nisso.

Molhou-se a tola.

Conclui que não é correto, nem para mim nem muito menos de quem tem a paciência de me ler, não ser um livro aberto. Para ser um livro académico daqueles que trazem a informação mais importante em nota de rodapé, numa letra muito miudinha, mais vale estar calada.

Fui apartidária quase toda a minha vida. Nunca apolítica. Hoje sou militante do PSD, militante sem qualquer cargo ou encargo. A minha sensibilidade é social democrata e nesta altura, tanto o contexto político-social como pessoal, levaram-me a querer fazer mais e a levantar o rabo do sofá. Só isso.

As opiniões que teço, aqui ou a tomar uma cola zero com gelo e sem limão, num qualquer café, são ponderadas e tento que o mais imparciais possível.

E penso sobre política, observo e opino. Como todos. Da mesma forma que opino sobre tantas outras coisas. Deus sabe que opiniões nunca me faltaram. Até sobre Deus.

O único campo em que não me atrevo a opinar é o futebol.

Ainda há pouco tempo pensava que o Ruben Micael era um cantor de arraiais. E não sei nomear dois jogadores da seleção portuguesa nem para salvar a vida. E não digo um, porque enfim, o nosso Cristiano.

A política é uma parte (pequena) do meu todo.

Sou militante do PSD, é verdade, porque acredito que é o partido que melhor serviu e serve os madeirenses. Visto a camisola e visto-a com orgulho. Até porque sou uma mulher de causas.

Mas poderia bem ser militante de qualquer outro partido. Desde que o fosse convicta da justeza dessa escolha. Com verticalidade e honradez.

Porque política deve ser assim, por mais ingénua que seja esta opinião. De encontro de ideias, de partilha, de respeito e sobretudo de elevação, com vista sempre ao bem comum.

Ainda ontem tagarelava sobre isso com um colega de teatro, membro do Bloco de Esquerda, já maquilhados e em personagem, à espera de entrar em cena. Como as politiquices dão cabo da política. Como desacredita este sistema democrático que, como dizia o senhor que dá nome ao novo hotel de Câmara de Lobos, é a pior forma de governo à execeção de todas as outras que se vão tentando de tempos a tempos.

Agora que estou de consciência tranquila e porque hoje estou em apropriar-me das palavras de quem melhor sabe, deixo-vos com a pungente genialidade de Sá Carneiro:

“(…) Se nos demitirmos da intervenção activa, não passaremos de desportistas de bancada, ou melhor, de políticos de café”.

O que, por agora, não me serve. Mesmo que seja a beber uma cola zero com gelo e sem limão.

E isto deu-me que pensar, não deu?