Relações entre poder político e privados sob fogo nos discursos do Dia da Região

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Os principais poderes económicos privados da Região estão hoje sob fogo nos discursos de vários políticos no Dia da Região, que se assinala em Machico, mais precisamente no Fórum daquela localidade. Mas não apenas os grupos económicos: os próprios políticos foram acusados de conúbio com os ditos poderes privados.

Foi na intervenção do deputado independente Gil Canha, o primeiro a falar no evento de hoje, e que encontrou eco nas palavras da trabalhista Raquel Coelho. A acusação comum foi a de que Governo e privados concertam as coisas entre si de alguma maneira para que tudo o que é relevante na economia regional lhes seja entregue e distribuído pelas entidades públicas.

Também os deputados de esquerda, caso de Sílvia Vasconcelos, da CDU, ou Roberto Almada, do Bloco de Esquerda, não pouparam nas críticas a uma apropriação do discurso autonómico por parte do partido do Governo, que por vezes roça o reavivar do chamado “consenso das autonomias”, com o governo central a ser acusado de todos os males, enquanto que, na Região, se sucedem as festividades constantes durante todo o ano, com óbvios custos para o erário, enquanto a receita fiscal pouco usada é para auxiliar aqueles que verdadeiramente precisam de ser ajudados, caso de muitas famílias madeirenses.

Roberto Almada apontou mesmo que o diferencial fiscal nunca foi usado para auxiliar as famílias madeirenses. Entretanto, o socialista Vítor Freitas seguiu Almada no elogio ao povo de Machico pela sua luta autonómica no seio da própria autonomia ao longo dos anos, elogiando o bispo do Funchal, D. Nuno Brás, por ter colocado termo a uma situação injusta para com a população da Ribeira Seca, ao reabilitar o padre Martins, há longos anos suspenso pelo bispo D. Francisco Santana.

Na mira de Vítor Freitas esteve também e naturalmente o Governo Regional, que acusou de má gestão, culpando por tudo e por nada o executivo de António Costa. Abordando a fiscalidade, considerou que, da carga fiscal que pende sobre os madeirenses “40 por cento serviram para pagar os erros do passado”, de onde prosseguiu para apontar que os madeirenses são quem mais paga impostos em Portugal.

O sector da Saúde foi usado pelo líder da bancada socialista na ALRAM para acusar fortemente o executivo de Miguel Albuquerque de deficiente governação, obcecado por grandes obras mas menosprezando o social,  com grandes listas de espera para cirurgias, deficiente atendimento nos serviços hospitalares e de saúde e persistentes problemas no campo da mobilidade aérea e marítima, bem como no transporte de carga. Quanto às boas medidas tomadas pelo governo regional PSD, atribuiu-as à mera implementação, na prática, de ideias já há anos proposta pelos socialistas, caso de avanços nas carreiras função pública e dos passes sociais.