“Rometa e Julieu” no Estreito

A Oficina de Teatro do Clube Portugal Telecom-Madeira estreia no próximo dia 14 de junho, o espetáculo teatral “Rometa e Julieu” a partir de William Shakespeare com adaptação cénica e direção artística sob a assinatura de Zé Abreu.

O espetáculo será apresentado no Auditório Maestro João Victor Costa no Centro Cívico do Estreito de Câmara de Lobos. No entanto, para o dia da estreia, a sala já se encontra esgotada. Já no dia 15 de junho (sábado) às 21h00 e 16 de junho (domingo) às 18h00, a peça subirá ao palco com entrada livre, para o público em geral, por ordem de chegada e mediante a capacidade da sala.

A adaptação da peça “Romeu e Julieta” de Shakespeare para outras artes, tem sido, a longo dos tempos, uma constante. São inúmeras as adaptações que esta obra inspirou desde a música, a pintura, a escultura, a dança e o cinema. Na sétima arte, por exemplo, teve diversas versões, talvez a mais conhecida tenha sido feita pelo realizador Baz Luhrmann, em 1996, onde no elenco conta com Leonardo DiCaprio e Claire Danes nos principais papéis. Pois esta peça é tão rica que tem gerado diferentes leituras, mas todas possíveis, da obra. E julgámos mesmo que os clássicos teatrais só terão futuro se continuarem a ter leituras diferenciadas, para diferentes públicos.

A proposta teatral da Oficina de Teatro do Clube PT-Madeira também é inspirada na obra de Shakespeare – o maior poeta e genial dramaturgo inglês – sendo classicamente renovada para este tempo e para o palco do Centro Cívico do Estreito de Câmara de Lobos, a demonstrar a virtualidade plástica e dramática de uma pérola monumental do teatro inglês.

Uma história do século XVI, que mantem-se atual e atuante, pois é uma das mais belas e trágicas histórias de amor de todos os tempos. Embora na versão levada agora ao palco pelo elenco de “Rometa e Julieu”, os protagonistas, encontram-se envolvidos numa história de amor sincero, lutam contra todas as adversidades, quebram barreiras, resistem a todos os males e recorrem até ao exilio para viverem em harmonia. Nesta adaptação teatral, a peça só podia ter um final da história feliz. E assim acontece com o regresso dos amantes, tempos depois, mas já com um filho nos braços, para agrado das duas famílias, outrora oponentes.

Supostamente criada entre 1593 e 1594, a clássica peça “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, atravessou gerações e gerações e tornou-se uma obra-prima da literatura ocidental. A história passa-se em Verona, interior da Itália e tem como protagonistas os apaixonados Romeu Montecchio e Julieta Capuleto. Dizem alguns estudiosos que Shakespeare para escrever esta peça, possivelmente, inspirou-se numa história da Grécia antiga de Píramo e Tisbe que data do século III, onde uma apaixonada vai em busca de um veneno para escapar de um casamento.

Celebrado como o maior escritor de língua inglesa, especula-se que William Shakespeare tenha nascido no dia 23 de abril de 1564, em Stratford-upon-Avon, uma pequena cidade de Inglaterra e faleceu em 1616. Mudou-se para Londres em 1591, em busca de oportunidades de trabalho, e viveu durante muitos anos na capital inglesa. Casou-se com Anne Hathaway, seu grande amor, quando tinha 18 anos, em 1582, e juntos tiveram três filhos (Susanna, Hamnet e Judith). Tinha origem relativamente humilde e ascendeu socialmente graças ao seu trabalho com a escrita: foi um trabalhador das letras, compôs aproximadamente 38 peças teatrais e 154 sonetos. As suas peças abordam variadas temáticas, em diferentes géneros dramáticos, como: comédias, outras tragédias e ainda algumas de cunho histórico.

Quis o destino que Julieu, filho único da família Montecchio, e Rometa, filha única da família Capuleto, se conhecessem durante um baile de máscaras e se apaixonassem perdidamente. Juntos, vivem um amor proibido, enfrentando os problemas que essa união trás, condenado por ambas as famílias. Uma história considerada um arquétipo do amor juvenil, com as suas deslumbrantes paixões. Assim, adaptámos esta história de dois jovens amantes, de famílias com rivalidade histórica, que apaixonam-se e conseguem um final feliz, em vez de trágico como acontece no original.

Julieu já estava enamorado de Rosalina quando conheceu Rometa, a filha da família rival. Encantado pela moça, anulou o compromisso que tinha com Rosalina e fez de tudo para ficar com a sua alma gémea. Rometa também tinha planos futuros com Páris, um rapaz endinheirado e de nome, em Verona, pretendido pelos pais, no entanto, abandona todos os desejos da família para seguir o seu amor com Julieu.Em palco estarão doze intérpretes, pela seguinte ordem de entrada: Lucília Ferreira (Senhora Capuleta), Rita Silva (Bianca), Óscar Fernandes (Senhor Capuleto), Bernardete Vasconcelos (Bravusca e Freira Natividade), Ivone Flor (Rometa), Vitor Mendonça (Julieu), Rita Silva (Bianca), Lídia Gonçalves (Montechia), Amarília Teixeira (Abrantina), Bety Rosa (Mercúcia), Inês Perdigão (Rosalinda e Noviça) e Neli Sousa (Figuração).

A peça “Romeu e Julieta” foi para Shakespeare o primeiro grande sucesso de público e da crítica. Harold Bloom, importante crítico literário, justifica o sucesso e a permanência na história desta peça pelo facto ser a maior e mais convincente celebração do amor romântico da literatura universal.

A história original desta peça é suficientemente conhecida pelo público, no entanto, na proposta teatral de “Rometa e Julieu”, procurámos puxar a obra para o nosso tempo, dando-lhe uma cariz de comédia e evitamos, claramente, o suicídio das personagens centrais como único desfecho possível da história. Neste espetáculo, imaginamos um futuro feliz para o casal enamorado e respetivamente, para a reconciliação das duas famílias.