“We are family. I got all my sisters (brothers and wifes) with me”

Entre os familiares é possível identificar dois graus de proximidade: a família nuclear e a família extensa. A família nuclear normalmente é composta pelos pais e irmãos, ao passo que a família extensa é composta por avós, tios, primos, e por aí adiante.

Já uma família política, basicamente, é uma família em que vários membros estão envolvidos na política, particularmente política eleitoral. Os membros podem ser relacionados por sangue ou casamento, muitas vezes várias gerações ou irmãos múltiplos podem estar envolvidos. Podem e, normalmente, estão. Quem tiver dúvidas ou reservas, o mais certo é ser um deles, já o ter sido ou aspirar a sê-lo.

Por sua vez, nepotismo é um termo utilizado para designar o favorecimento de parentes ou amigos próximos, em detrimento de pessoas mais qualificadas, geralmente no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos públicos e políticos. No nosso país de compadres, por mais desmentidos, pinoquices ou “passa-culpas”, o nepotismo é uma instituição. Diz-me de quem és filho, sobrinho, neto, afilhado, primo (mais afastado ou menos afastado) e dir-te-ei o Tacho que terás na manjedoura do Poder e da Governação.

Só para contextualizar historicamente a questão, do ponto de vista etimológico, este termo tem origem no latim nepos, que significa literalmente “neto” ou “descendente”.  Originalmente, a palavra era usada exclusivamente no âmbito das relações do papa com os seus parentes. Estávamos, então, na era da família nuclear.

No domínio da política portuguesa, de uma maneira muito geral, com montes de “telhados de vidro” entramos na era muito mais modernaça, sofisticada, cheia de portas-rotativas e manhosas mudanças de cadeiras e tachos que já ninguém tenta sequer maquilhar. Está bem que fica tudo em família (não foi assim que Deus ensinou?), mas lá que cheira a promiscuidade… ainda por cima familiar!!! Afinal há manadas de elefantes na loja de loiça e todos negam que os têm ou tiveram.

Melhor ainda é o Romantismo comovente que já chegou às mesmas nomeações políticas. Então não é que até já se escrevem cartas de amor/recomendação políticas acompanhadas de “referências” de competência para o exercício de cargos de nomeação upa-upa. Bem dizia Pessoa que todas as cartas de amor são ridículas, mas estas abusam.

Em todo o caso, no chamado “arco da governação” do “agora mandas tu e a tua família, ora agora mando eu e a minha”, atirar pedras de um lado da barricada política para o outro, os de ontem para os de hoje ou os de hoje para os de ontem, é meio caminho andado para escaqueirar milhares de telhados de vidro, e indiferentemente por todo o país, com especial enfoque nas regiões de menor dimensão. Como tudo é proporcionalmente mais “cosy”, mais do que famílias há gerações de clãs.

Voltando mais atrás, confesso que não tenho bem presente se foi no dia 1 de abril, mas o atual Governo de António Costa (familiarmente muito aconchegadinho) já veio garantir que “Não há confusão entre família política e política familiar”. A sério? É essa “pérola” e “O BES está sólido” ou os contribuintes não vão pagar um cêntimo das roubalheiras e crateras da banca. Endogamia no governo ou, melhor explicadinho, laços familiares entre membros de um governo ou de órgãos do Estado, que ideia!!! Além disso, felizmente, são todos competentíssimos, de reconhecidíssimo mérito (pelos padrinhos), com mais que provas dadas no exercício das suas relevantíssimas e ainda mais bem pagas funções. Poderia mesmo fazer-se uma árvore genealógica desta política de irmandades. Ou, sei lá, fazer um Reality-show intitulado “Quem quer casar com o político?”

Então já se mandou às urtigas o pensamento de que  “à mulher de César não chega ser, é preciso parecer”? É assim: tu nomeias a minha mulher que eu logo nomeio a tua. Nada mais simples, justo e democrático.

Adivinho anúncios de jornal do seguinte teor: Cavalheiro licenciado, com boa aparência e asseado, procura senhora com cargo governativo ou próximo para amizade ou algo mais. Intenções sérias.