Advogado filho de madeirenses representa na África do Sul a defesa da autodeterminação do Saara Ocidental

O advogado José Nascimento, filho de madeirenses, na imagem com o presidente da República Árabe Saaurí Democrática, Brahim Ghali.

O conflito que se mantém aceso entre o Saara Ocidental, que luta pela autodeterminação face ao Reino de Marrocos, tem um lusodescendente pelo meio, o advogado José Nascimento, filho de madeirenses, membro do Conselho da Diáspora, que já foi defensor da causa timorense, foi mesmo representante das Nações Unidas, observador no referendo em Timor Leste, estando agora a representar a defesa da causa saarauí na África do Sul.

Neste momento, a tensão é dominada por campanhas civis desarmadas da Frente Polisario e o autoproclamado Estado, a República Árabe Saarauí Democrática, reconhecido pela União Africana, mas com generalizado reconhecimento internacional limitado. Domina, na prática, cerca de 20% do território. A abordagem que a ONU desenvolveu sobre o conflito situou-se ao nível de uma resolução reafirmando o direito à autodeterminação do povo sarauí. O que ocorreu após a anexação do Saara Ocidental por Marrocos e Mauritânia, em 1976, e a declaração de independência por parte da Frente Polisario.

José Nascimento mostra-se defensor dessa causa, tal como o fez em relação a Timor, considera casos semelhantes, focando a circunstância de, relativamente à Madeira, a proximidade geográfica ser uma nota de referência interessante. E foi precisamente em Marrocos que ocorreu o negócio da areia para as praias de Machico e da Calheta, sendo que José Nascimento revela “o desconforto dos dirigentes do Saara Ocidental, relativamente a essa transação entre Marrocos e Madeira, uma vez que a areia foi proveniente precisamente do Saara Ocidental”. Um pormenor que ajuda a perceber a natureza desta realidade e o entendimento, local, relativamente sobre quem deveria, realmente, liderar esta troca comercial.

O advogado considera que “Portugal tem uma postura muito fraca sobre o assunto. “Não consigo entender esse posicionamento, sobretudo depois de se ter passado o que se passou em Timor Leste. Compreendo que existem interesses económicos com Marrocos, mas também existiam com a Indonésia e a posição foi outra, inclusive atendendo ao Direito Internacional”.