Porto Santo está como era há 600 anos, isolado, parado, desiludido, cansado…”, escreve o antigo delegado do Governo Regional na ilha

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“E a propósito de comemorações, porque é que a sede do concelho se chama «CIDADE VILA BALEIRA»?……e assim sendo, porque é que no brasão e na bandeira da Câmara consta «CIDADE DO PORTO SANTO»? Ou um ou outro. Os dois não.”

O antigo delegado do Governo Regional no Porto Santo mostra-se crítico relativamente ao que considera ser um “modus operandi” na forma como a ilha é vista do exterior, votada ao abandono desde sempre. Desde as descobertas até aos dias de hoje, faz um retrato nada abonatório para os que tiveram e os que têm responsabilidades de governação, genericamente falando, mas com “farpas” especialmente direcionadas para Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República que a 1 de novembro, se o vento deixar o avião aterrar, estará na ilha a assinalar o que dizem ser a data da Descoberta.

José Rosado, na sua página do Facebook, não poupa ninguém, alarga o seu testemunho para as questões históricas, mas num outro lado, bem presente, o presente da vida do Porto Santo, o tal presente sem futuro que a população já está farta de saber como é. Inevitavelmente sazonal, mais mês para a frente, mais mês para trás, duplamente insular a maior parte do tempo, isolada sempre, como refere Rosado na sua exposição.

Diz o ex- delegado de Executivos de Alberto João Jardim:

“Na globalidade (palavrão moderno) não podemos sair daqui quando quisermos; Em cada janeiro não existem no mar navios para levarem o nosso território até ao restante Portugal de marinheiros que não eram  de água doce; Pelo ar não há a certeza de nada.

E virá o «Presidente dos afectos» que, mesmo bem informado como sempre está, provavelmente não saberá da verdadeira realidade local.

Os habituais  discursos de circunstância e depois sairá daqui com a certeza que Porto Santo ainda é mais Portugal. É, mas continuará a ser também o que era há quase 600 anos. Só, isolado, esquecido, parado, desiludido, cansado, preocupado.

Será que há alguém, principalmente dentre os que foram eleitos, que tenha «tomates» (nem só os homens os «cultivam») para meter isto à frente dos olhos de Marcelo Rebelo de Sousa?”…Há que tempos as surpresas têm sido pela negativa……ao menos uma viraçãozinha de ar fresco.

Fala do 1 de novembro: “….Porto Santo recebe ilustres e ao que parece vai haver festa rija no dia que OFICIALMENTE comemoram a descoberta da ilha de Porto Santo.  Digo oficialmente porque Porto Santo não foi descoberto , nem achado como alguns querem que prevaleça, e muito menos redescoberto em 1 de novembro de 1418. Atrevo-me a dizer que o dia 1 de novembro,, mas neste caso do ano de 1446, foi o marco para o início do abandono desta ilha até aos tempos actuais. Quem já leu um pouco da história ficou a saber que Bartolomeu Perestrelo, a quem o Infante entregou a ilha para dela tomar conta, administrar e fazer progredir como se sua fosse, abandonou-a durante anos e anos. Os que se lhe seguiram melhor não fizeram. Quem cá ficou, o povo, sobreviveu ao longo dos séculos com as dificuldades que são bem conhecidas até e ainda hoje. Diferente, claro, mas modernamente piores porque além de abandonados somos ainda ignorados, falseados, relegados para plano secundário. Querem que explique melhor com desenho e tudo?…..é melhor não…..”

Diz mais: “…….e a propósito de comemorações, porque é que a sede do concelho se chama «CIDADE VILA BALEIRA»?……e assim sendo, porque é que no brasão e na bandeira da Câmara consta «CIDADE DO PORTO SANTO»? Ou um ou outro. Os dois não.”