Pontualidade da TAP é “vergonhosa” e cancelamentos “acabaram em agosto”

TAP coinselho de administração
O Conselho de Administração da TAP tem um objetivo: duplicar a companhia.

É o próprio presidente executivo da companhia aérea portuguesa a reconhecer: a pontualidade da TAP “é vergonhosa”. Confessa que “estamos muito longe, abaixo dos 50%, estou muito mal…Cerca de 50 dos voos atrasaram mais de 15 minutos em agosto, houve situações em que foi 70%”.

Na entrevista que concedeu ao Expresso, onde refere que ao nível dos ventos no Aeroporto Internacional da Madeira Cristiano Ronaldo não aceita alteração de limites, como reportámos numa outra peça publicada ontem, Antonoaldo Neves aponta, na edição impressa do semanário, uma outra questão que foi assunto “quente” no verão em termos de operacionalidade da companhia: os cancelamentos. O que para a Madeira teve repercussões acentuadas, por incidir num momento de grande tráfego, o regresso dos estudantes para as férias e o grande fluxo turístico para a ilha neste período.

O responsável méximo pela gestão da TAP esclarece ao Expresso que, neste particular dos cancelamentos “acabaram em agosto”, pelo menos por “falta de tripulação”, daqueles que a companhia caraterizava como sendo por “motivos operacionais”. O presidente executivo vem, agora, explicar o que já se comentava sem justificaçãom oficial. “Por falta de tripulação, acabaram os cancelamentos. A TAP não tinha uma máquina de formação – estamos a criá-la agora”.

E aponta uma razão para a existência de centenas de voos cancelados: o decreto lei 139, que impede que os tripulantes façam quatro voos no que é considerado o período noturno no espaço de sete dias. Sublinha que “Portugal está a adotar uma legislação inadequada, que regula a atividade da aviação e que não estava a  ser considerada até ao início deste ano, pois as companhias entendiam que apenas deveriam atender à regulamentação europeia e aos acordos de empresa estabelecidos com casa sindicato. Houve uma interpretação que, para além disso, tudo tem de obedecer ao decreto lei 139 e a partir deste ano as empresas aéreas que operam em Portugal passaram restrições de voo no seu grupo de pilotos, ficando com menos pilotos do que deveriam ter”.

Antonoaldo Neves reconhece o excessivo número de voos cancelados, foram centenas, no pico mais de 200, mas diz que voltou ao normal, de 30, 40, 60 por mês. Afirma que é um assunto que está a ser tratado com os reguladores e com o Governo, sendo seu entendimento que aquele decreto lei não deveria existir porque existe uma lei comunitária.

Nesta entrevista, confirma que o Governo chamou a TAP, em julho, considerando essa situação normal. Foi mais pela pontualidade, diz, não tanto pelos cancelamentos.

Aponta o crescimento da companhia para o dobro, dá números que vão no sentido da capacidade atual da empresa, com 1000 pilotos e 3000 comissários, diz que até 2025 quer 1800 e 5500 respetivamente. Pretende, ainda, passar de 90 parta 130 aviões. Fala de destinos onde, em termos de Madeira, existem muitos emigrantes a quem a TAP presta serviço. O Brasil representa 25%, Estados Unidos 12%. África atinge 4 a 5%, menos do que a França.

Relativamente ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, considera-o “totalmente esgotado”, fazendo eco daquele que é o sentir de qualquer passageiro, hoje, naquele aeroporto, em diferentes níveis. “O meu receio é 2020. No ano passado, fizemos 14 milhões de clientes, este ano vamos fazer 16 milhões, estamos a colocar pressão no sistema…Não dá, os salões de embarque estão cheios, hoje eu tenho um grupo de amigos chegando do Brasil, estiveram duas horas na fila de empresa de aluguer de carros”.