Sintra, cenário idílico de mil enredos tendo por rainha a beleza rústica e fresca das suas extensas paisagens, não só se desdobra em responder às muitas solicitações do turismo como abriu portas à expansão do alojamento local. Belos solares do passado, degradados e fechados sobre a história da ruína ou do abandono das suas famílias, foram restaurados e funcionarem agora como alojamento predileto de uma população que faz férias económicas.
A traça interior e exterior destes Chalets da Saudade ou da Pena, os nomes são múltiplos mas simbólicos, é mantida e mergulha-nos no passado recente de outras eras com hábitos e costumes bem diferentes de uma atualidade em que o betão fala mais alto e a folha de cálculo do lucro empresarial passou a ser rainha de todos os negócios.
A coabitação entre a hotelaria de luxo e o alojamento local é pacífica. Segundo nos explicam os empresários locais, “a procura turística é elevada, ao longo de todo o ano, e há que garantir espaços para mercados diferentes com diferentes recursos económicos. A preocupação do setor público é de que a traça original dos solares seja mantida, mesmo na oferta de alojamento local, o que tem vindo a acontecer. Muitos investimentos imobiliários estão ainda por nascer, enfrentam alguma burocracia, mas são uma mais-valia para a zona”.
Em época estival, o problema número um da sempre apetecível Sintra é o estacionamento na área histórica. O centro, também um dos ícones deste espaço romântico, foi fechado ao trânsito, e os turistas circulam e circulam fartos minutos até encontrarem um espaço para deixar a viatura e demandar os encantos de Sintra.
Além de encher as vistas com a memória histórica de Sintra, com o Palácio da Pena a ter uma significativa afluência, a confeitaria típica é igualmente apreciada. Um mini-pacote de cinco queijas de Sintra, em formato minimal, custa 4,5 euros.
A restauração do fast food e das pizzas também se instalou na bucólica Sintra, justamente para responder às necessidades de um turismo “low cost”.
O regresso a Lisboa é lento e as impressões da bucólica Sintra continuam bem vivas. E não é por acaso que nos vem à memória as palavras de Eça, no imortal romance Os Maias, de que os amigos Carlos da Maia e João da Ega se esqueceram as queijas de Sintra, no seu crónico diletantismo que tanto caracterizou a geração de oitocentos e com inevitável paralelismo com a atualidade.