Câmara garante condições no Monte, marca presença “em peso” no arraial e mandou fazer estudo sobre os solos do Largo da Fonte

João Pedro Vieira
O vereador João Pedro Vieira foi ouvido sobre o Monte, segunda-feira,a seu pedido, na Assembleia Regional. Foto Rui Marote

A Câmara Municipal do Funchal promete dar aquilo a que popularmente se pode dizer “o peito às balas” relativamente ao arraial do Monte. Sabe que o assunto tem o melindre que tem e a dor que todos sentem, de uma forma mais ou menos direta, no que toca à tragédia que se abateu no 15 de agosto de 2017. Sabe de tudo isso, mas também está consciente que é preciso seguir em frente, é preciso viver a festa com segurança e homenagear os mortos com o respeito que merecem.

Executivo de Cafôfo hoje e amanhã no Monte

João Pedro Vieira, o vereador com o pelouro da Proteção Civil e Bombeiros, que pediu para ser ouvido na Assembleia Legislativa Regional, em audição que decorreu ontem, segunda-feira, garante ao Funchal Notícias que o Executivo da Câmara estará em “peso”, tanto hoje, a véspera do Monte e dia de grande mobilização de visitantes, como amanhã, nas cerimónias religiosas que envolvem a homenagem às vítimas da queda da árvore no Largo da Fonte.

A equipa de Cafôfo, com deputados municipais, sobe ao Monte para estar presente no arraial. E a própria Câmara chamou a si a animação do Largo da Fonte, nesta véspera do Monte, que tem por hábito prolongar-se pela madrugada. Atuam as bandas municipais  e foi dada autorização a um estabelecimento para ter música ambiente. É também da responsabilidade da Autarquia a componente da iluminação”

Monte Igreja fora
O Executivo da Câmara Municipal do Funchal estará “em peso”, hoje a amanhã no Monte.

O vereador diz que esta presença forte da Câmara “é a prova que queremos dar à população da existência de todas as condições para que a festa possa regressar à normalidade, aos poucos, é verdade, porque sabemos que é difícil depois dos acontecimentos do ano passado”. Mas ressalva que a segurança “não é apenas porque o Executivo estará presente”, afirma haver dados que lhe permitem afirmar que “os madeirenses podem ir ao Monte, hoje e amanhã, com confiança”.

Vereador lembra os dois relatórios

Desde o trágico 15 de agosto de 2017, a Câmara de Paulo Cafôfo tem estado “debaixo de fogo”, sendo que lhe são apontadas falhas de avaliação relativamente aos alertas anteriormente ocorridos sobre o estado de algumas árvores do Largo da Fonte, onde acabou por cair o carvalho e provocar aquele dia de morte e sofrimento que jamais será esquecido, ainda que, forçosamente, tenha que ser ultrapassado pelo percurso dos tempos e das vivências.

Enquanto decorrem os processos por parte da Justiça, no sentido de eventual apuramento de responsabilidades, a Câmara do Funchal tem levado a efeito alguns estudos tendentes a esclarecer o que se passou e as correspondentes medidas a adotar, em termos de futuro. João Pedro Vieira lembra a existência de dois relatórios, da autoria da Câmara, um referente à peritagem do carvalho, cujo teor é público, e um segundo, que foi desenvolvido em consequência da avaliação e intervenção a todas as árvores dos jardins do Monte, mas em particular do Largo da Fonte, ambas as operações orientadas pelo engenheiro Pedro Ginjas”.

Estudo dos solos liderado por João Baptista

Foi na sequência desses trabalhos, lembra João Pedro Vieira, que “foi decidido elaborar um estudo, sob a liderança do engenheiro João Baptista, que incidirá sobre a dinâmica dos solos naquela zona, envolvendo as relações com as questões da acústica”. Estudo esse que irá permitir conhecer, em absoluto, toda aquela zona, possibilitando apurar que tipo de intervenções poderemos desenvolver ali no âmbito do plano de requalificação paisagística e urbanística que está a ser elaborado pela Câmara. Queremos ter a certeza que qualquer intervenção que se faça no Largo da Fonte respeita essa dinâmica dos solos”.

O estudo envolve vários peritos de diferentes áreas e com algumas simulações, bem como informações já solicitadas à empresa que em 2017 foi responsável pelo fogo-de-artifício do arraial, no sentido de apurar a dimensão das cargas utilizadas. E uma situação que foi ponderada, do ponto de vista técnico, prende-se com uma avaliação, em contexto real, ou seja no âmbito das festas do Monte, sobre o número de pessoas que estão presentes no arraial, procurando perceber o impacto daí resultante”.

 

Câmara nunca proibiu nem música nem fogo no Largo da Fonte

Como é do fogo que se fala, podemos também avançar que este ano não há. Mas não há porque não chegou à Câmara do Funchal qualquer solicitação para o efeito. Os responsáveis pela organização das novenas acharam por bem, eventualmente, ir pelo caminho da prevenção. Na véspera e no dia também não. O vereador esclarece que “a Câmara não proibiu fogo no arraial”, remetendo para declarações proferidas em julho quando disse que o Largo da Fonte, de acordo com pareceres técnicos, poderia ser utilizado de uma forma normal, salvaguardando os dias de arraial, em matéria de utilização de som amplificado e fogo-de-artifício. Mas depois houve um pormenor adicional que muitos ignoraram e deturparam, uma vez que aquilo que dissemos era que os locais de emissão deveriam ser previamente avaliados pela Câmara. Contrariamente ao que foi posto a circular, a Câmara não proibiu nem música nem fogo”.

Para hoje, véspera do Monte, onde daqui a pouco acelera a mobilização de pessoas, João Pedro Vieira dá uma mensagem de confiança e não tem dúvidas: “A Câmara fez tudo, mas mesmo tudo, para garantir as condições de segurança, não só estruturais relacionadas com as árvores, em particular do Largo da Fonte, mas também ao nível da organização das próprias festas, da articulação com a Polícia, com os Bombeiros e com toas as entidades responsáveis pelas operações de segurança. Esta é uma garantia”.